quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Geração Y: Eles já estão entre nós!

Você acha que o mercado de trabalho mudou?
Acredita que as empresas mudaram suas estratégias internas e externas ante ao universo super competitivo que vislumbramos pela janela?
É caro amigo leitor, tenho uma notícia no mínimo inquietante: Você ainda não viu nada!
A grande mudança começa a ser delineada agora, quando a chamada "Geração Y" chega ao mercado de trabalho, e promete chacoalhar o "Status Quo" estabelecido.
Essa turma nascida a partir de 1978, vai suceder as chamadas "Geração Baby-Boomers" (geração pós-guerra) e "Geração X" (que abarca os nascidos entre 1962 e 1977).
Eles nasceram sob a égide das facilidades da tecnologia, são caracterizados pelo desejo de mudança e principalmente por fazerem alarde sob suas expectativas, crenças e buscas.
Porém, uma das marcas dessa turma é a de que não possuem o tradicional desejo de permanecer por muito tempo em um emprego ou até mesmo numa carreira.
Adeptos da execução de tarefas múltiplas, eles são muito atraídos pela idéia do "Home Office" e das escalas de trabalho mais flexíveis, e não é incomum vê-los em escritórios de chinelos e exibindo suas tatuagens, o que tem gerado alguns conflitos em empresas que observam rígidas regras de vestimenta.
Eles também andam protagonizando algumas "turbulências" no que tange ao estilo de gerenciamento. Diante da velha forma de revisões anuais por exemplo, eles tendem a se sentirem "perdidos", pois cresceram dentro de uma realidade de constante feedback, sejam por parte de seus pais ou de seus professores.
Mesmo sendo apontados por alguns como os atuais "experimentadores de tensão" do ambiente de trabalho, a realidade é que a "Geração Y" estará, já na próxima década, assumindo os cargos de maior importância nas grandes corporações.
Para Don Tapscott, diretor da New Paradigm, algumas empresas já enfrentam dificuldades para conciliar suas necessidades com as desses jovens:
- Esta geração nasceu em bits e está completamente confortável com a tecnologia. Eles querem o estado da arte da tecnologia e de ferramentas de colaboração, tais como wikis e mensagens instantâneas, que os ajudam para trabalhar. Esses jovens pensam e se relacionam de forma diferente, e estão dispostos a trabalhar em um ambiente de constantes mudanças - afirmou em recente entrevista à IWB Net.
No entanto vale ressaltar que - em que pese a sua vocação para o questionamento das velhas formas de gestão, essa turma estará em pouco tempo, contribuindo de maneira inequívoca para construção de um ambiente de trabalho e de gestão mais eficientes e dinâmicos.
Atraí-los, liderá-los e mantê-los motivados, parece ser o grande desafio das empresas, e assim como a "Geração Y", os filhos do pós-guerra terão uma participação fundamental e histórica nessa mudança.
Seremos então, expectadores privilegiados de um dos mais fascinantes rituais de "passagem de bastão" dos últimos tempos.
O mais excitante de tudo isso, é não termos a menor idéia do que vai acontecer quando a letra "Z" entrar em ação.

(Extraído da coluna do autor no site da agencia de comunicação RedCafé - "www.redcafe.com.br")
Anderson Julio Lobone

Bruma

Outra manhã.
E como em tantas outras...
café, pão e preguiça.

Bruma leve na janela
e em mim.

De um Zepelim dourado
escuto a canção da chuva
e me reparto em risos
ao te ver vagando em mim.

Sorriso de menina...
gestos de mulher...
e eu aqui, poeta.

Um outro sonho...
Um outro porto...
Um outro vento...

E uma estranha
e doce esperança
de te ver voltar...

...para então pintar
janelas abertas...
horizontes de mim,
com pinceladas
de bruma e poesia.

Anderson Julio Lobone

Liso e Eloá: E a paixão Amanhã?

Em tempos de consternação, um olhar cândido sobre o exercício de amar pode parecer um despropósito. Mas diante de um folhetim tão contundente, servido em conta gotas pela mídia e degustado tão avidamente por cada um de nós, restou-me apenas uma reflexão quanto aos sentimentos humanos.
O desfecho trágico e a impressionante dislexia da sociedade como um todo, são - via de regra – motivos para discussões sobre "o porquê de a policia ter entrado no apartamento" ou de "como uma menina de doze anos poderia namorar alguém tão mais velho".
No entanto, distante de qualquer caretice ou pressuposto do que é certo ou errado nestes casos, o que mais me intrigou foi o comentário de um psicólogo paulistano que ao ser perguntado como uma família pode evitar uma tragédia destas, respondeu:
- "É preciso ter um diálogo aberto com os filhos e tentar entender o que se passa na cabeça deles" – afirmou.
Mas ora bolas, será mesmo que tragédias como estas são frutos da falta de diálogo entre pais e filhos? Cabe em algum de nós a idéia de que existe alguma razão quando os adolescentes se apaixonam?
A natureza humana é repleta de cômodos impenetráveis, de onde brotam os sentimentos mais estranhos. Como diz um amigo meu, é necessário que a cada dia estejamos vigilantes para que não deixemos se abrir as portas dos nossos "porões escuros".
Hoje, enquanto tomava um café numa padaria na Barra da Tijuca, ouvi um comentário de uma das balconistas que me fez pensar. Ela acreditava que sua irmã mais nova estava submissa às vontades de seu namorado, quinze anos mais velho. E disse, contrariada, que há tempos a família luta para fim daquele relacionamento.
Imediatamente me veio à lembrança, a mini-série "Quem ama não mata", exibida na Rede Globo em meados dos anos oitenta.
Uma discussão infinda tomou conta de bares, repartições, varandas e calçadas (Naqueles tempos as famílias se reuniam nas calçadas). A pergunta era: É possível se matar por amor? Essa foi a tônica de muitas conversas de esquina naquela época, e creio que agora esse seja o tema de 9 entre 10 conversas.
Estes tipos de tragédia acabam por causar muito mais que consternação e dor. São sucedidas de muito medo e censura, e com isso alguns pais amanhecerão supostamente "mais atentos" aos universos que cercam suas proles.
Contudo vale uma reflexão àqueles que como eu, assistem seus rebentos se aproximarem da primavera das paixões. Evitemos cercear essa experiência única que é se apaixonar. Não neguemos aos nossos filhos, esses deliciosos devaneios dos quais somos acometidos desde as eras mais inocentes de nossas vidas.
Ao invés da repressão, precisamos por em prática o diálogo amoroso. Em detrimento da censura de sonhos, é imperativo que nos debrucemos sobre a verdade que agora volta à tona: Quem ama, não mata. Quem mata, é o egoísmo e a vaidade.
Portanto, que tenhamos o cuidado de não tornarmos o amanhã, um terreno difícil para a descoberta dos sentimentos e dos desejos.Diante das tragédias e mazelas do mundo, acho que os nossos melhores antídotos ainda são o amor e a paixão. Quero terminar esse artigo, com um trecho de uma conversa que tive com um dos meus maiores ídolos - o poeta amazonense Thiago de Mello.
"Em um dia qualquer da minha adolescência, uma menina beijou-me a boca. E foi assim, que pela primeira vez, percebi as estrelas e a lua..."

(Extraído da coluna do autor no site da agencia de comunicação RedCafé - "www.redcafe.com.br") Anderson Julio Lobone

Viver de Escrever? Como assim?

Viver de escrever? Como assim?
Dia desses fui convidado para participar de um ciclo de palestras em uma feira literária organizada pela PUC aqui no Rio de Janeiro.
Durante os debates, ouvi a opinião de gente abalizada, como a crítica literária Beatriz Resende, a poeta e tradutora Olga Savari, além de minha querida amiga e poeta Priscila "Pit" Andrade, entre outros escrevinhadores famosos ou não.
Um dos temas debatidos era como os blogs, sites colaborativos e outros suportes interferiam na produção literária e como está escrevendo a geração de escritores que utiliza a internet como a principal ferramenta de publicação.
Deu-se então, um excitante paradoxo. De um lado, Olga Savari - cultuada e experiente escritora que traduziu obras de Garcia Lorca e Pablo Neruda – que afirmou não possuir telefone celular (ai que inveja...), e muito menos computador. E mais. Mesmo tendo seu nome presente em mais de 10 mil sites na web, nunca havia escrito uma linha sequer para publicação on line.  Do outro lado, a jovem e bela Alice Sant'Anna que  iniciou sua caminhada poética no mundo virtual e chegou a pouco ao seu primeiro livro – "Dobraduras", pela Sette Letras – e que afirmou que por muitas vezes se flagra adequando o "tamanho do texto" para publicá-los no mundo virtual.
Em uma das minhas intervenções, afirmei que não era partidário da lapidação de meus rabiscos por conta das características do leitor virtual. De fato prefiro perder a atenção de alguns leitores do que me obrigar a usar uma fita métrica na minha inspiração. Disse ainda que considerava o uso dos suportes (sites de literatura, blogs, redes sociais) apenas como um mecanismo de divulgação.
De fato, seja entre meus colegas de ofício poético ou entre meus clientes de consultoria editorial, não conheço nenhum escritor que não almeje chegar ao livro impresso. Mesmo entre aqueles de reconhecido talento e responsáveis por blogs de grande sucesso, não há um só escritor que prefira manter suas obras unicamente no campo virtual.
Afirmei ali, que mesmo reconhecendo que a internet foi fundamental para a disseminação do meu trabalho, acho que estas paragens virtuais jamais substituirão o desejo dos autores quanto aos livros,
Os debates se seguiram com assuntos diversos, entre eles, uma discussão sobre a existência ou não de uma "vanguarda literária". Mesmo reconhecendo a importância de movimentos como a "Semana de Arte Moderna de 22" e a "Poesia Concreta", eu sempre fui reticente aos movimentos vanguardistas na literatura, afinal aquela idéia mítica de "incendiar bibliotecas" e negar tudo o que já havia sido escrito sempre me pareceu uma grande bobagem.
Fiquei a pensar nesse meu intrínseco universo particular de escritor e concordei com a linha de pensamento da crítica literária Beatriz Resende que afirmou não haver no presente, espaço para um outro movimento de Vanguarda. Convenhamos, a atual cena literária é um retrato mais que fiel das inquietações que se derramam sobre as nossas cabeças. Afinal hoje, cada um de nós - escritores, busca de maneira desesperada cumprir essa dificílima tarefa de compreender e viver esse presente, de literatura fragmentada e em que o futurismo definitivamente saiu de moda.
Em meio ao frio e aos meus devaneios quanto aos assuntos discutidos, saí da PUC em direção ao calor de minha casa. Pensei em cada um dos autores presentes ao debate e em suas convicções sobre o ofício de escrever. Em meio a esses delírios, me perguntava se eu era muito diferente de todo mundo ou se eu era apenas mais um.
Nesse momento fui abordado por uma jovem estudante de jornalismo chamada Erika, que se dizia aficionada pelo meu trabalho poético. A conversa transitou por paisagens Drummonianas e Cecilianas e acabamos por sentar num bar da gávea para tomarmos um chopp.
Em determinado momento ela me questionou:
- E fazendo tantas coisas assim, como você ainda arruma tempo para trabalhar?
- Mas este é o meu trabalho. Eu vivo de escrever - respondi prendendo o riso.
- Viver de escrever? Como assim? – indagou incrédula.
- Escrevo meus livros. Escrevo para jornais. Escrevo para agencias de publicidade. Presto consultoria editorial.., enfim escrevo! – respondi quase entediado.
Os olhos de Erika me fitaram em silêncio por um longo tempo.
- Será que a pergunta não seria outra? Acho que você quer saber se eu fiquei rico – provoquei sem dó nem pena.
- Ah, isso eu sei que é impossível. A não ser que você também seja um mago – devolveu.
- Quem sabe Erika? Quem sabe? – divaguei.
- Ah...se for, por favor, me contrate para ser sua funcionária bem remunerada – disse sorrindo.
- Mas contratá-la como o que? Assistente de magia? – perguntei.
- Não, para escrever os releases dos seus livros – respondeu.
- Ué... Você quer viver de escrever? Como assim? – devolvi.
Anderson Julio Lobone

Liberdade é uma calça velha...

A semana passou como um vento minuano. Indomável. Ligeiro. Frio. Cortante...
Pelo vidro molhado da janela do carro avistei pessoas encolhidas sob os pontos de ônibus e pensei em como seria bom ter ficado em casa sob as cobertas... quentinho.
Levantar para que? Se ainda fosse para fazer um chocolate quente.
Mas não, a vida real havia me intimado, e assim eu seguia resmungando rumo àquela academia maldita que me aguardava com o seu desfile de brutamontes nada poéticos e de deusas insatisfeitas com suas formas generosas e lapidadas à suor.
Acordar cedo? Sentir frio? Academia? Gente esquisita? Céus, o que estou vivendo?
Ah, que saudade dos tempos em que eu achava que era hippie. Com meus chinelões de couro e cabelos nos ombros eu vagava por aí com meu violão e meus rabiscos. Cantava para a lua, versava para as moças e tocava canções que já esqueci.
Mas estas cachaças que atendem pelo nome de jornalismo e publicidade me atiraram no mundo dos normais.
Meus pés, antes timoneiros dos meus dias, agora fazem concessões e seguem pelo mundo a bordo de coloridos All Stars. E meu violão, velho cúmplice? Ah, aquele amigo anda esquecido e órfão de minha voz - sua inseparável companheira de outrora - com quem dividia canções como "Simple Man" (Lynyrd Synyrd) e "Ando Meio Desligado" (Mutantes). Hoje, ele presta seus serviços aos Jingles e às canções sob encomenda.
Chego à academia tremendo de frio e me deparo com a cena bizarra de um grupo de rapazes se atirando na piscina e felizes da vida por começarem a fazer os seus 1500 metros diários.
Senti uma enorme saudade dos banhos pelado no chafariz do primeiro Rock'n'Rio.
Ainda encolhido, sigo para o vestiário e encontro com aquela figura nefasta que atende pela alcunha de personal training:
- Vamos lá rapaz. Animação. Hoje vamos arrebentar! – vocifera o maníaco.
Ao castigar meus bíceps e tríceps, vejo uma mulher ruiva absolutamente perfeita. Sem nada para tirar nem pôr. Algo como um padrão Quitéria Chagas de perfeição (Tá bom, tá bom, eu sou suspeito para falar dessa minha eterna musa morena). Mas a ruiva era absolutamente linda. E no equipamento ao lado, ela resmungava com uma amiga:
- Eu tô malhando duas horas por dia, e há dias que eu como só frutas. Eu tenho que secar. Tenho que secar... Tenho que conseguir aquele trabalho – confessou a louca.
Cantei alto para ela ouvir: "Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós..."
De volta ao vestiário, percebo que quase todos os outros "masoquistas" da academia, após o banho, vestem seus ternos e colocam suas gravatas apertadas. Seguirão para suas rotinas de estresse e briga com o tempo. Calço meu All Star verde como que fosse um símbolo da minha liberdade. Lembro que o Nando Reis gostava do all star azul da Cássia Eller...
Tenho que trabalhar. Acho que a sexta feira não vai acabar nunca mais... Lembro do meu edredom, e do chocolate quente, que não tomei. Será mesmo que eu sou livre?
Vou para a agência e encontro meu amigo André Dessandes, ainda sob o efeito de sua recente passagem por Florianópolis, onde segundo ele, as pessoas ainda são donas do seu tempo e preservam sua liberdade.
Aí me pergunto: Qual é a real imagem da liberdade? Liberdade e imagem combinam ou se contradizem? Se adequar a uma imagem, é se abster da liberdade?
Como por encanto, me lembro daquele velho jingle de uma calça jeans que dizia tudo: "Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada, que você pode usar do jeito que quiser..."

(Extraído da coluna do autor no site da agencia de comunicação RedCafé - "www.redcafe.com.br")
Anderson Julio Lobone

Uma outra comunicação

Em um tempo longínquo perdido em meio ao pó das lembranças e da memória celular, a comunicação era feita "de alguém para alguém". Depois de "alguém para muitos". E hoje, assistimos em nossos confortáveis Home Offices a comunicação se realizando de "todo mundo para todo mundo".
A velocidade em que tecnologia redireciona as relações e os costumes parece não ser mensurável e a adequação a esta nova realidade tem sido um tormento em todas as áreas da comunicação.
Penso em como os artistas gerenciavam suas carreiras antigamente. Havia a necessidade das presenças providenciais e/ou nefastas do empresário, do divulgador, do agenciador, etc. Já no tempo da música digital, o artista pode gravar seu trabalho em seu computador e divulgá-lo em seu próprio web site, onde também pode oferecer e divulgar shows, interagir com seus fãs e disponibilizar conteúdo diverso.
No jornalismo não foi diferente. Os sites dos canais de comunicação e os milhões blogs disputam segundo por segundo, a exclusividade dos acontecimentos pelo mundo inteiro. E hoje, já vamos para casa sabendo quase toda a pauta do Jornal Nacional. Então fica no ar a pergunta: Até quando ainda assistiremos aos telejornais?
Na publicidade o panorama é ainda mais devastador. O que fazer diante do crescimento inexorável da chamada Geração "Y" (falaremos deles em outra coluna), que acha "um saco" essa coisa de ver TV? Esses novos consumidores não se importam em perder a novela ou o telejornal. Sabem que tanto as notícias como o último capítulo da trama popular estarão na web. Esses "nativos digitais" têm no universo da internet uma parte de sua realidade, assim como a escola, o restaurante ou o clube da esquina. Isso obriga as empresas a estabelecer um novo planejamento para a divulgação de suas marcas. Afinal, quem é este consumidor que está atrás do seu balcão?
Na literatura, um verdadeiro exercito de poetas "sem livros" começa a fazer fama nas orbes virtuais, deixando no passado a interminável odisséia de visita às editoras. E para os que como eu, ainda publicam livros de papel, fica reservada a agradável surpresa de ver seus trabalhos serem comercializados em mais de 80%, apenas nas prateleiras digitais.
No universo corporativo, por conta da busca de resultados, a mudança se fez a "fórceps". Apesar disso, em algumas empresas a implementação da chamada "Comunicação Horizontal" ainda esbarra em gestões centralizadoras.Alguns dirigentes "desconectados" não acordaram para o fato de que a construção e a sistematização da comunicação corporativa otimiza resultados, pelo simples fato de disseminar conhecimento.
Enfim, se diante de mudanças tão constantes e tão aceleradas, assistimos boquiabertos a comunicação se materializar em formas tão distintas em seus mais diversos campos, só nos resta a certeza que em breve o "e-mail" será coisa do passado.
E você e sua marca, onde estarão em meio a tudo isso?
Hasta la vista, baby!



(Extraído da coluna do autor no site da agencia de comunicação RedCafé - "www.redcafe.com.br")

Admiravel Mundo Verde

Começar a coluna falando de negócios? Desenvolvimento? Internet? Não. Não resisti a mais essa chance de quebrar o protocolo.
Vou falar de amor e ódio...
...e eis que nessa manhã cinzenta, cumpri uma promessa feita e refeita nos últimos anos, e que até ontem me colocava na lista dos auto-inadimplentes.
Levei meu corpitcho para a academia.
Logo de cara fui apresentado a duas figuras nefastas que provavelmente atormentarão minha vida nos próximos meses: a esteira e a bicicleta ergométrica. Depois de mais de 40 minutos andando tal qual um dromedário desorientado, me dei conta de que o dia seria longo, e só relaxei ao perceber que, apesar de todo esse esforço hercúleo a que estarei condenado, haverá uma recompensa à altura. O desfile de semideusas pelo salão me fez acreditar que o supino, a rosca direta e o extensor serão mero coadjuvantes nessa jornada.
Ao meu lado, um amigo de trabalho afeito à morbidez se manifestou de maneira cruel e insensível:
- Vamos lá, não para não rapaz. Tem que sofrer - vociferou de sua esteira em altíssima velocidade.
Como que não tivesse escutado o seu comentário ultra-masoquista, fixei-me na imagem da morena a minha frente, que além de espalhar graça e sensualidade, mostrava que o corpo humano é realmente uma máquina impressionante.
Em seus exercícios de alongamento ela colocava seu calcanhar no pescoço dando a impressão que nunca mais desataria aquele nó.
Em meio a dores e incômodos próprios de quem é submetido a este tipo de sessão de tortura, segui para a agência tentando me esquecer das orientações quanto ao consumo de rúcula e barra de cereais.
Correria para implantação de projetos.Telefone tocando sem parar.Stress estabelecido.
E é claro que a última coisa que eu penso é no alface.
Mas... ao ligar o computador, recebo o e-mail de uma leitora que pergunta onde comprar meu último livro. E mais. Me diz que, caso eu retorne a Brasília, ela faz questão de convidar-me a conhecer a sua mais que famosa Lazanha de Camarão.
Isso sim é um convite de uma pessoa que tem coração! Um brinde àqueles que promovem a alegria alheia!
Basta de médicos xiitas que querem me convencer dos benefícios da berinjela e de namoradas vaidosas que falam o tempo todo de gordura trans! Será que não basta o Dr Dráusio Varela para me atormentar todos os domingos?
Os anos de literatura e jornalismo me impingiram a rotina de viver sentado à frente de um computador e agora me cobram com juros e correção...
Pausa para pensar no que vou almoçar...
Trabalhando com comunicação, ao longo dos anos compreendi que a premissa de que a “Imagem é tudo” é imprescindível para fundamentar pessoas, marcas e iniciativas.
Então por via das dúvidas vou pedir beterraba, cenoura e couve flor para o almoço, e repousá-las em meio a um admirável mundo verde de alface e rúcula.
Afinal, a tal morena contorcionista não deve gostar de gorduchos, não é mesmo?

(Extraído da coluna do autor no site da agencia de comunicação RedCafé - "www.redcafe.com.br")
Anderson Julio Lobone