Em mim um vácuo...
inócuo...
da saudade dura
que me corrói.
E o que dói
é a resposta
de minha solidão
na mesa posta
que arde,
que invade,
e que no fim,
junto com o gim
me destrói.
Ah dor infinda
da falta que fazes!
E ao fazer as pazes
com a esperança
minha alma
te alcança
e se ajoelha
diante de tua boca
vermelha,
e pede compaixão.
Vem agora
porque a manhã adora
te ver aqui
junto aos meus quadris.
E como diz
o poeta infeliz:
me salve,
me queira,
do Leblon
à Madureira,
porque a fogueira
que há em mim
não se apaga.
E que ela te traga
quando me olhas assim.
As horas morrem
e me socorrem
nessa cratera
do meu peito
a tua espera.
(Publicado em 31/08/2006)
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