sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Poema: Delírio (Anderson Julio)

Ao te ver andar
naquela outra calçada,
minha vida descompassada,
louca e confusa
se atira do meio fio
e cruza
as avenidas...
os sentidos...
e as verdades malditas
de que já não me fitas.

Nem os apelos infindos
dessas tardes paulistanas
de venturas insanas,
não te convencem mais
de que vale a pena,
ou de que a vida em cena
não se repete agora,
quando você chora.

Ao te ver seguir
sem olhar pra trás,
eu grito contumaz,
e quase choro,
pela musa que adoro,
pela chance que imploro,
pelo derramar do leite,
e pelo deleite,
pelo martírio
em forma de delírio
que me faz...
te querer assim...
e ainda...
acreditar.


(Publicado em 20/10/2006)

Um comentário:

Anônimo disse...

Falar de amor ou de corações partidos, sem cair na mesmice ou ser piegas, é quase impossível. Anderson Julio, em toda a sua intensidade, consegue percorrer o amor e ser profundo, doce e belo. Cada palavra destila emoção, toca.
Tá aí, um poeta quer vale a pena ser lido, por novidadesco que é.