terça-feira, 5 de setembro de 2006

Poema: Calibre (Anderson Julio)

Devastador!
Assim concluo
o ferimento que possuo...
nas entranhas dos meus medos,
nas esquinas dos enredos
que invento com a dor.

Imaginável...
O amor puro...potável...
Que brota ao longo do tempo...
e que gira ao gosto do vento
a cada vez
que me permites... outra vez...
te ter aqui.

Inebriante...
Tua boca colante
maior do que a minha
no breu da cozinha
a me afogar em lembranças
e na ginga das danças
que nunca tivemos.

Inatingível...
O amor preservado
no tempo roubado.
O olhar que diz tudo
E o sorriso mudo
Da vida tão nossa
Que sempre se esboça...
A cada toque...
A cada pausa...

Inconseqüente...
O pulo do muro...
O beijo no escuro...
A cada encontro
E tudo que vem...
E tudo que vai...
E tudo que inibe...
Esse amor
de grosso calibre
que mata e renasce...
no teu olhar verde
e nesse meu mundo...tão teu!

(Publicado em 05/09/2006)

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Poema: A Tua Espera (Anderson Julio)

Em mim um vácuo...
inócuo...
da saudade dura
que me corrói.
E o que dói
é a resposta
de minha solidão
na mesa posta
que arde,
que invade,
e que no fim,
junto com o gim
me destrói.
Ah dor infinda
da falta que fazes!
E ao fazer as pazes
com a esperança
minha alma
te alcança
e se ajoelha
diante de tua boca
vermelha,
e pede compaixão.
Vem agora
porque a manhã adora
te ver aqui
junto aos meus quadris.
E como diz
o poeta infeliz:
me salve,
me queira,
do Leblon
à Madureira,
porque a fogueira
que há em mim
não se apaga.
E que ela te traga
quando me olhas assim.
As horas morrem
e me socorrem
nessa cratera
do meu peito
a tua espera.

(Publicado em 31/08/2006)