quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

O Fim (Anderson Julio)

Quando chegou
mudou todos os dias
e trocou todas as vias.
Me deu a mão macia
e o direito de viver o sonho
que já se esvaía.

Quando chegou
não pediu licença.
ditou a sentença,
de que eu poderia,
à sua revelia,
viver o que havia
além da janela sombria.

Quando chegou
me trouxe de volta,
como que em escolta,
o verde de antes
no olhar galante...
perfeito... ungido...
Outrora exultante,
enfim,
me dei por vencido.

Quando chegou
doou carícias ternas,
prendeu minhas pernas,
e a boca navegante
se entreabriu ofegante
junto com a minha
marejada e sozinha
até sua chegada
com a pele suada
e ali ancorada.

E agora que vais
rumo ao nunca mais,
leva contigo minha alma
agora já tão calma.
Eu estarei tatuado
por dentro e por fora...
Como que se enraizado...
Depois... como agora.
Leva pela vida afora
o que um dia me deste,
sob a lua mais linda
da Praia de Leste.

( Publicada em 27/12/06)

domingo, 24 de dezembro de 2006

Sobre o Natal e o AnoNovo

Pois é...
Ontem estava pensando em como, nesta época do ano, a gente invariavelmente
se torna mais tolerante, amável, carinhoso, paciente e "gente boa".
Passamos a ter mais facilidade de digerir as dificuldades, as ausências, os imprevistos
e principalmente os "defeitos do outro".
Nessa época em que comemoramos a esperança, seja pelo nascimento do nazareno
ou pela expectativa de um ano melhor, passamos boa parte do tempo com um sorriso
estampado no rosto, e com os braços prontos para envolverem quem cruze o nosso caminho.
Pensei em como seria bom, se derepente a gente não deixasse mais esses "sentimentos de dezembro" (tolerância, amabilidade, capacidade de perdoar, paciência e bom humor)
sair de dentro de nós.
Ficaria proibido todo e qualquer tipo mau humor, estresse, impaciência e intolerância.
Os abraços seriam para sempre, beijo na boca então ... nem se fala.
Aquele vizinho "mala" seria encarado como alguem que precisa de um abraço,
e aquele outro que vc nem gosta de pronunciar o nome, seria considerado como uma
pessoa que precisa de um pouco mais de atenção e afeto.
Essa energia e paz estariam impregnando todo mundo, e aí, a vida seria muito mais fácil.
Então, está decidido: a energia "dezembrina" nunca mais sai de dentro de mim!
E eu sinceramente, desejo que neste Natal vc também radicalize e a mantenha dentro de ti.
Porque assim, "o feliz ano novo" já estará garantido.
E para sempre.
Um beijo de luz no coração de vocês!

sábado, 9 de dezembro de 2006

Thiago de Mello

Na adolescência tive a fantástica experiência de encontrar um dos meus maiores ídolos.
Frente a frente com Carlos Drummond de Andrade, ficava a me perguntar como aquele homem com jeito de bancário poderia escrever coisas tão fabulosas. E ainda tinha aquela história da pedra que estava no caminho. Foram momentos que eu não esqueci.
Ontem, eis que o destino me reservou uma outra emoção.
Quando cheguei pela manhã ao evento "Poesia Voa" no Circo Voador, eu sentia um frio no estômago. Sabia que finalmente eu encontraria um outro ídolo.
O evento realizado pelos grandes poetas Bruno Cattoni e Tavinho Paes, era parte das comemorações cariocas pelos 58 anos da Declaração dos Direitos Humanos.
Olhei o circo voador. Mesmo totalmente diferente do que era nos anos 80, ainda consegui me lembrar de momentos memoráveis que vivi ali, no palco e na plateia.
Num determinado momento Thiago de Mello chega.
Todo de branco... todo lindo... todo poesia.
Abraça parentes, amigos, fãs e numa primeira frase me diz:
- Me dê seu livro poeta, quero ver tua poesia.
- Só ano que vem poeta, o livro sai no ano que vem - respondi atônito.
Somos interrompidos por uma fã que diz ser uma emoção encontrar o "nosso poeta maior".
Thiago sorri e lhe pergunta:
- Já inventaram fita metrica para medir poetas? Como se mede poesia?Tem poeta menor?
Atende a todos com educação e atenção.
Vira-se para mim e diz:
- Pegue uma cadeira e sente-se aqui ao meu lado.
Obedeci, claro.
- Você também vai declamar seus poemas aqui hoje? - perguntou.
- Não, não, eu basicamente vim aqui por causa do senhor - respondi.
- O único senhor aqui é o senhor Jesus Cristo. Me chame de você porque nós somos é companheiros de ofício - reclamou.
Continuei obedecendo.
Falou que a sua "Barreirinha" ainda não afundou e nem foi queimada.
Contou sobre sua passagem por Cuba, e o que sentiu ao ver que o imperialismo americano não terá vez na ilha, mesmo após a partida de Fidel.
Depois, já no palco, declamou alguns de seus poemas, e encerrou sua apresentação, devidamente acompanhado ao piano pelo Duo Gismonte (formado pelas filhas de Egberto) declamando os "Estatutos do Homem".
Como a maioria ali, me emocionei e chorei muito.
Assistimos um trecho que um documentário sobre a amazônia, que tras declarações do poeta em seu recanto.
Ao fim, prometi-lhe enviar um e-mail contendo links dos meus escritos publicados na internet.
- Faça isso poeta, por favor... quero ler você... - respondeu antes de ir.

Que os Deuses da Floresta guardem por muito mais tempo este nosso poeta e pensador que segue pelo mundo todo de branco... todo lindo... todo poesia.

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Mantra (Anderson Julio)

A repetir palavras
A repetir teu nome
A repetir teus gestos
A copiar teus sonhos

A dançar para ti
A cantar para a lua
A fugir de casa
A te ter em mim

A mudar de rua
A falar da vida
A sorrir sozinho
A sentir arrepio

A olhar o mar
A ser feliz aqui
A beber na fonte
A orar para o céu

A dormir mais tarde
A viver os desejos
A ser o sol que arde
A ter os teus beijos

A amanhecer assim
No que tua boca canta
e a se repetir em mim
Assim...
como um mantra.




(Publicado em 29/11/2006)

sábado, 25 de novembro de 2006

Recanto das Letras, 2 Anos!

Neste mês de novembro o portal "Recanto das Letras", o maior site dedicado a escritores da língua protuguesa completou dois anos de atividades e enorme sucesso.
Não tenho dúvidas que através do "Recanto das Letras" tive meu trabalho reconhecido por todo o Brasil, além de diversos países de ligua portugesa.
Fica aqui o meu eterno agradecimento a PatrickFlemer, criador e mantenedor do portal.
Para comemorar, a grande poetisa gaucha Denise Severgnini sugeriu a criação da ciranda "Recanto das Letras - 2º Aniversário", onde diversos poetas - membros do portal, escreveriam sobre aquele espaço de versos e inspiração.
O trabalho foi organizado e editado em forma de um e-livro pela incrível designer e poetisa Kate Weiss, hoje radicada na Alemanha.
O e-livro "Recanto das Letras - 2º Aniversário", está disponível para download no endereço http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/294005 no espaço de Kate Weiss, e vale a pena conferir.
Minha pequena contribuição nesta obra segue abaixo e encontra-se na página 25. Confira!


RECANTO (Anderson Lobone)

Meu olhar de espanto
recaiu sobre aquele canto.
Desconfiado no entanto
mergulhei no acalanto
em meus tons de riso
e semitons de pranto.
Ali me despi do manto
e minha poesia,
que era grande mas nem tanto
se coube perfeita, no recanto.


(Publicado em 25/11/2006)

domingo, 19 de novembro de 2006

Dose Final na Metrópolis: 20 Anos Depois



Hoje, segunda feira, 20 de Novembro de 2006.
Amanheço com uma certa confusão de sentimentos: Nostalgia, Melancolia, Alegria, etc.
A exatos 20 anos, eu fazia parte de uma banda de rock and roll chamada "Dose Final".
Num momento em que o rock brasileiro estava a pleno vapor, nós, procurávamos o nosso lugar ao sol, mesmo cientes de que o "hard rock" só tinha espaço no "underground" carioca.
Naquele tempo misturávamos blues, rock pesado, baladas românticas e litros de whisky.
A frente da banda eu cantava canções que falavam de sexo, drinks, diversão e medo.
Na sua guitarra "Gibson SG 73", o incrível Sammy Haua construia uma massa sonora suja e irresistível, com suas frases e riff inconfundíveis.Visceral, ele era o cérebro do Dose Final.
Na bateria, um jovem mineiro de Juiz de Fora chamado Elias El' Rock Chaim, que dotado de uma pegada fulminante, trazia toda a sua influência de Cozy Powel, Ian Paice, Eric Carr e acima de tudo de John Bonham, daí o seu apelido de "João Borrão".
Havia ainda um menino tímido e na maioria das vezes mudo... quieto. Mas o talento prodígio de Sérgio Gurgel em seu instrumento era o suficiente para dizer "quem ele era".
A banda já tinha uma pequena "legião" de seguidores, formada em grande parte por amigos, namoradas e outros malucos que apreciavam o bom som que o "Dose Final" fazia.
No dia 20 de novembro de 1986, tocamos numa das grandes casas de shows de rock da época.
A "Danceteria Metrópolis" ficava em São Conrado, e nas suas quintas feiras, abria seu espaço para as novas bandas cariocas, que se multiplicavam em cada esquina e em cada garagem.
Sabe aquela noite em que tudo pode dar certo? Pois era uma noite dessas. E mesmo com alguns problemas no som, fizemos o grande show da história - do hoje "cult", Dose Final.
O clima era tão bom que resolvemos mandar o "set list" para o espaço e também tocamos canções que havíamos combinado "não tocar de jeito nenhum".
"Noites Longas", "Diante da Loucura", "Alucinações Homogêneas", "Quem Sabe", "Desejo", "Juntos", "Noite de Rock" e outras canções das quais já nem me lembro bem, mas que eram o que chamávamos de uma overdose de rock and roll.
Seguimos juntos até meados de 1987, e depois, cada um seguiu o seu rumo.

Eu segui meu caminho mas por todos esses anos sempre lembrei muito dessa data.
Fui para o sul, e por lá fiquei durante dez anos. Voltei para o Rio e sigo tocando, compondo, escrevendo e também as voltas com a T.I.

Elias "El Rock" Chaim segue sua carreira de Engenheiro Naval, e mantem algumas atividades com a música.Depois do Dose Final esteve em diversas bandas como Vid e Sangue Azul, (gravou um LP), Silex (com quem gravou dois cds), Contra Vontade, Damas não pagam, Cláudio Gurgel, entre outros.Durante o período em que estive no sul, ele chegou a me visitar algumas vezes por força do trabalho.Atualmente está casado, tem um filho, mora no Rio de Janeiro, e está gravando material com sua nova banda: "Attude".
De vez em quando nos encontramos em shows de rock, como no Whitesnake e Judas Priest.

Sérgio Gurgel , depois de sua passagem pelo Dose Final, manteve sua participação no Silex até a gravação do primeiro CD da banda.Excelente baixista, ele esteve também tocando com Contra-vontade, além de outros nomes e bandas de rock.
Hoje tornou-se um brilhante advogado e professor, mas não mantem mais nenhuma atividade musical.Casado, pai coruja de um casal de filhos, ele mora no Rio de Janeiro, e na medida do possível temos mantido contato.

Sammy Haua - Esse grande guitarrista infelizmente, vive hoje, longe da música.
Depois do fim do Dose Final, ele ainda fez uma tentativa de remontar a banda com outros integrantes mas não deu certo.
Migrou para o Sul, morando em Curitiba,e seguindo depois para o Paraguai.
Além do talento para música, Sammy tornou-se um expert em computação, tanto em hardware como em desenvolvimento de softwares.
Em 96 quando eu fui para o sul, tive a alegria de reencontrá-lo no litoral do Paraná.
Trabalhamos juntos na área da informática, e escrevemos juntos algumas crônicas e roteiros humorísticos muito engraçados. Foi um período muito divertido, mas sem nenhum contato com música.
Nos fim dos anos 90 ele voltou ao Rio, especificamente para Cabo Frio, e hoje pelo que sei mora em Santa Tereza e trabalha no ramo de antiguidades.
Depois da minha volta ao Rio, foi o único integrante do "Dose Final" com o qual não tive contato.
Sem dúvida alguma um cara que me ensinou muuito sobre o blues e o Rock And Roll.

A gravação do show que hoje completa 20 anos anda circulando pela internet em MP3 bem como os registros do Dose Final em estúdio.
Ainda há uma comunidade no orkut sobre a banda em:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=8907245

No meio daquela turma que acompanhava o "Dose Final" em todos os cantos em que tocávamos, havia um menino chamado "Claudinho".
Fã incondicional do "Kiss", ele sabia todas as letras e notas das canções do Dose Final.
O "Claudinho" de quem a gente tanto gostava era irmão do baixista Sérgio Gurgel.
Hoje, vinte anos depois, ele é conhecido como Cláudio Gurgel: Um dos mais talentosos guitarristas e produtores musicais que eu conheço.
É um dos meus grandes parceiros na música, está empenhado na produção do meu CD, e estará também no novo projeto de Guto Goffi, do Barão Vermelho .
Ao ver a carreira daquele "Claudinho", percebo que aquela "Dose" não era a "final"...
Ainda bem!
Um grande abraço para Sammy, Sérgio e Elias!
Long Live to Rock and Roll!!!!!!!

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Poema: Compondo Paredes (Anderson Julio)

O laço no cabelo se abriu
e o vento a brincar
cobriu-lhe o rosto...
E isto posto
o que me restou
além do franzir de testa,
foi fechar os olhos
e imaginar tudo aquilo,
que sempre aniquilo
ao lembrar
dos seus olhos de menina.

Os dias de novembro se vão
e os ventos que murmuro
não te trazem aqui.
Feliz sou eu
que não te tenho,
pois meu querer ferrenho
não te protegeria de mim.

Mantenha-se longe
E o mais distante que possas...
Para que as vontades nossas
possam se esvair enfim.

Em mim,
essa vontade absurda
de viver o que não posso.
E esse desejo que destroço,
se recompõe,
a cada manhã,
a cada canção,
e a cada brisa.

Nesse ofício de poeta,
Ou do cantor de cada tarde,
eu calo a vida que arde...
E vivo... compondo paredes
para te deixar assim...
providencialmente...
longe de mim.


(Publicado em 16/11/2006)

domingo, 12 de novembro de 2006

Poema: Os Amores Que Enfrento (Anderson Julio)

De manhã quando acordo
vejo o quanto transbordo
em todo o meu sentir.

Meu coração passivo
por que não dizer lascivo
mostra o que está por vir.

Amores torrenciais
em uma tarde a mais
como chuvas em mim.

Bocas com ardor
e olhos multicor
nas estórias sem fim.

Enfrento um amor...
um amor antigo
e rente ao perigo
me dou por inteiro,
a esse primeiro.

Enfrento um amor...
que fala em dinheiro...
e que me olha no fundo.
Então me entrego,
a esse segundo.

Enfrento um amor...
que é quase infantil,
e minha mão vil
escreve um roteiro
preciso e certeiro,
e então... me atiro,
a esse terceiro.

Os amores que enfrento
não irão me vencer
pois num dado momento
hão de me esquecer.

Os amores que enfrento
me servem de escudo
me servem de alento
a cada amanhacer... mudo.


(Publicado em 12/11/2006)

sábado, 11 de novembro de 2006

Um novo poeta por favor



Atendendo aos pedidos dos leitores, inclusive os quarentões, publico abaixo a premiada crônica "Um novo poeta por favor!", que escrevi no início de 2005 e que obteve uma grande repercussão aqui na web.

"Um novo poeta por favor!" - Anderson Julio

Sábado passado estive em Vicente de carvalho, bairro do subúrbio carioca onde dizem os especialistas, encontra-se o melhor bolinho de bacalhau do Rio de Janeiro.
Lá estava eu, naquela conhecida adega lusitana que por tradição concentra boêmios de todas as partes da cidade, e traz consigo um clima que une a malemolência do samba e os lamentos do fado.
Numa conversa pra lá de etílica com meu primo Ricardo Julio, me deparo com a conclusão aterradora sobre a ausência de grandes letristas e poetas para a nossa geração pré-quarentona, após as perdas de Renato Russo e Cazuza.
Ricardo inclui neste hall, o "paralâmico" Herbert Viana, como um outro mestre das letras musicadas de nosso tempo. Concordo com ele.
Para melhor exemplificar as características destes poetas oitentistas, propus imaginarmos uma viagem de trem em que, além de nós dois, estariam Herbert, Renato e o nosso exagerado.
Todos em vagões separados e puxados por uma locomotiva que soltaria a sua fumaça pelos ares caminho afora.
Imaginei que, após a partida, Herbert se acomodaria numa poltrona confortável junto à janela, e que de posse de caderno e lápis, anotaria suas observações sobre a paisagem.
Falaria dos alagados, tenderia à lua, e fotografaria com palavras toda as visualizações
e seus personagens, percebidos nos rápidos flashs de vida que corriam diante de seus olhos.
Um excelente retratista.
Ao mesmo tempo, Renato Russo estaria quieto e sozinho numa cabine particular,
e escreveria sobre os medos que sentia sobre o que encontraria na próxima estação.
De como gostaria que a próxima parada fosse marcada pela compreensão entre os homens,
e que o amor pudesse vencer os monstros e as angústias que assombravam as pessoas,
que não percebiam a grandiosidade de uma gota d'água ou de um grão de areia.
Ele, com certeza, pediria um mundo melhor , a começar por pais e filhos
mais compreensíveis e compreensivos.
Neste momento, percebo que a velocidade do trem aumenta, e Cazuza grita e gargalha já abraçado ao maquinista, lhe contando os absurdos da noite na última estação,
e falando dos personagens imaginários que surgiam
nas formas da fumaça liberada pela locomotiva,
e entre mais uma dose e outra, diria que o dia também morre, e é lindo,
como eram lindos os tais moinhos de vento.
Na adega, intermináveis segundos separam a história da viagem do comentário seguinte.
Eu e Ricardo estamos com os olhos marejados, e ante ao ultimo bolinho de bacalhau,
percebemos o quanto nossa geração ficou mutilada dessas linhas geniais.
Tenho o impulso contido de gritar ao garçom:
- Um vinho do Porto e um novo poeta por favor!

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Quitéria Chagas, esse é o nome dela!



A cerca de um ano postei em meu antigo blog, uma crônica sobre a madrinha da bateria da
escola de samba Império Serrano.
Quitéria Chagas... esse é seu nome!
Naquela época eu muito pouco sabia sobre ela. Eu estava completando quarenta anos de idade
e me encotrava simplesmente encantado com aquela morena de tirar o fôlego.
Não que hoje eu esteja menos encantado, muito pelo contrário, pois Quitéria é uma tsunami de encantamentos para pobres mortais como eu.
Por conta de meu trabalho e de uma comunidade no orkut, acabei a conhecendo um pouco mais,
bem como a sua família e seus trabalhos.
Aquele sorriso deslumbrante está mais próximo desse poeta, é verdade,
mas não diminui em nada a admiração que nutro por essa moça que além de bela e talentosa, tem uma alma linda.
Nesse meu blog você pode encontrar uma poesia que fiz para Quitéria Chagas,
chamada "A Cada Maio" e que está nesse link:
http://andersonjulio.blogspot.com/2006/05/cada-maio-anderson-julio.html
Hoje passei por um outdoor na cidade e a ví... linda!
Quase bati o carro... parei o transito.. me xingaram... mas valeu a pena!
Quitéria Chagas hoje está fazendo seu primeiro trabalho como atriz.
Ela é a "Dorinha" na novela das oito, Página da Vida... linda que só!
Então, por causa desse trânsito louco que mal permite que um poeta admire sua musa,
republico a minha crônica de um ano atrás, chamada...
"Quitéria Chagas e o meu carnaval quarentão"
Um beijo e um queijo!


"Quitéria Chagas e o meu carnaval quarentão"

Pois bem, como não tem mais jeito, resolvi relaxar em relação a ser um quarentão, e pela primeira vez, me dedicar integralmente a folia de mômo aqui no Rio de Janeiro.
Desde o inicio do mês tenho feito programas carnavalescos.
Comecei pelas apresentações da GRES Vila Isabel (aquela do bairro do Noel!)
no shopping Nova América e dei largada no meu reinado momesco.
Na quinta dia 23/2, fui ao ensaio geral do Império Serrano, em Madureira,
e como sempre, fui absolutamente bem tratado.
Aliás alí, eles sempre tratam este poeta que vos escreve como um rei.
E aquela bateria gente? O que é aquilo?
Olha tenho andado por ai mas nenhuma bateria me traz o impulso de literalmente "me acabar" como aquela do Império Serrano.
Como se não bastasse ser bem tratado, as pessoas serem tão simpáticas e alegres,
aquela bateria nota 1000, o reencontro de tantos velhos amigos,
o Império Serrano ainda tem uma riqueza deslumbrante que atende pelo nome de...
Quitéria Chagas.
A madrinha de bateria da escola madureirense é simplesmente divinal,
colossal, admirável, irresistível, contagiante,
e tenho a certeza que todos estes adjetivos são poucos para traduzir aquela moça.
Ela definitivamente não faz o tipo "gostosona" de outras madrinhas de bateria do Rio.
Nada tem de parecido com Luanas Piovanis, Carois Castros, Vivianes Araújos,
Lumas de Oliveiras, ou Adrianas Bombons.
Quitéria simplesmente é o que há, com aquele sorriso devastador
e olhar que "vê" os mais secretos cantos da nossa alma.
Ao chegar, devidamente cercada de seguranças,
passou pelos camarotes distribuidos acenos e olhares de simpatia.
No camarote do presidente, ainda comentei com meu amigo Osmar de Paula:
- De que planeta será que ela veio?
Depois de devidamente anunciada, ela seguiu até o espaço destinado a bateria da escola,
e começou aquilo que este pobre poeta classifica como
o "Espetáculo Ritual da Magia de Luz com Requintes de Crueldade".
À frente da bateria, Quitéria consegue inexplicavelmente crescer e brilhar ainda mais,
por mais que isso pareça improvável ou até impossível.
Cada vez que ela abre seus braços parece que os Deuses do Olimpo dão as mãos
e uma luminosidade inacreditável exala daquela mulher que mesmo sem trajes apelativos, prende a atenção de homens, mulheres, crianças, etc.
Ela é simplesmente divina.
Alterna momentos divinais, quando por vezes se parece com uma Deusa Hindu,
outras uma dançarina árabe, hora uma índia, hora a mãe oxum a se banhar na cachoeira.
Seus braços parecem estender até o infinito,
e serem os elos de ligação com o astral superior, com o cosmo, com a fonte da vida...
por fim... ela é mesmo divinal!
A conheci no ano passado quando o Império Serrano
recebeu uma comitiva de Ministros dos Esportes dos países da América Latina.
Naquela oportunidade, lembro que ela quebrou o salto de sua sandália,
e ofereceu aquele pé lindo a um passista para que lhe tirasse o calçado
e lhe deixasse sambar descalça.
Recordo que o ministro Agnelo Queiróz, olhava a cena como que petrificado,
tal a doçura dos movimentos de Quitéria.
Tenho certeza que o ministro gostaria de tirar aquela sandália dos pés da musa....
Ah... e eu também!
Mas voltando ao presente, na última quinta feira,
depois de brindar toda a família imperiana com sua magia e graça,
Quitéria foi aos camarotes abraçar a cada convidado da escola.
Ao me reencontrar, abraçou-me com graciosidade, comentou o fato
de eu ter cortado meus longos cabelos (agora sou carequinha!)
e falou de sua ansiedade para a hora do desfile.
Tiramos algumas fotos, e depois ela se foi, a encantar todos os outros camarotes.
Fiquei parado, inerte e mudo por algum tempo.
Já de madrugada, ao sair da quadra imperiana, percebo que ela está ao meu lado,
também indo embora.
Um táxi a esperava de portas abertas.
Ela entra e ainda tem tempo de dizer "tchau" e dar adeus a esse pobre poeta...
Lá foi Quitéria de volta ao seu pantheon sagrado.
Fui para casa com uma estranha intuição que um dia escreverei um romance chamado "O poeta e a Passista"...
No dia seguinte, sentado a beira da cama penso em quantas linhas já escrevi para
Luanas Piovanis, Carois Castros, etc, e me pergunto:
O que fazer desta vida sem Quitéria Chagas?

(Publicado em 25/02/2006)

sábado, 4 de novembro de 2006

Sobre Leonardo Mendonça


(Anderson Julio e Leonardo Mendonça - Foto: Robson Bolsoni)

Estes dias estava a lembrar de uma frase do amigo escritor
e autor teatral Leonardo Mendonça que disse:
"Se pensássemos na vida como uma carga de caneta,
deixaríamos algo de bom antes de começar a falhar".
Confesso que tenho pensado muito nisso ultimamente.
Quanto a Leonardo Mendonça, por conta do lançamento de seu livro

"A Chuva de Ontem" no mercado latino, atualmente passa uma temporada na Argentina.
Vale a pena também conferir o seu livro de estréia "Urro" de 2000,

um balaio de contos e fragmentos interessantíssimos.

Abaixo, segue um de seus poemas que mais aprecio.

Virando Ponto (Leonardo Mendonça)

Lá estamos nós - procurando.
Em fila.
Acordados.
Cansados.
Tapando sol - esperando.

Pra lembrar quem somos procuramos medalhas pra pendurar no pescoço.
Tiramos foto só-rindo.
Mudamos o penteado.

Pra dormir, viramos de bruço.
Mentimos.
Mudamos de lado.

Pra saber realmente que é tem que virar do avesso.
Tem que virar verso.
Palavra.
Ponto.

Caminhar, sem esperar.
Caminar, sem promesas.
E se deixar molhar,
debaixo da chuva de milagres.

Esquecido na Gaveta... Poema: Grumari

Estes dias futucando uma velha gaveta encontrei este pequeno poema escrito no verão de 2005, e que fala daquele pedacinho do paraíso perdido no Rio de Janeiro...

Grumari (Anderson Julio)

Grumari...
te vi alí...
meio que virginal
e o anormal que sou
ainda reclama da vida
teme a morte
ou o que o valha...
Navalha perfeita
da cidade desfeita...
O que ainda resta
de maravilhoso no Rio
Está em tí...
grumari!
Fique ai...
Não saia daí...
Fique assim quietinho...
Que ninguém há de te molestar...
Mas se o fizerem
me chame...
me grite...
que eu volto aqui...
Grumari!

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Eu, Priscila Andrade, Robson Bolsoni e a doçura do caos



Há algum tempo eu e a poetisa Priscila Andrade planejavamos nos encontrar outra vez.
Assim poderíamos destilar venenos, exorcizar demônios e até falar de poesia - a contragosto.
Mas sempre arrumávamos uma desculpa e o encontro não acontecia.
Ontem porém, resolvemos priorizar o caos e marcamos o famigerado reencontro no centro do Rio, mais precisamente ali perto do Cine Odeon, na Cinelândia.
De comum acordo optamos por levar uma outra pessoa: o cineasta e fotógrafo Robson Bolsoni.
Assim, confortavelmente acomodada num bar sofrível, essa tríade bradou e gargalhou por horas sobre poesia (ninguém é perfeito!), sexo, amor, traição e dinheiro.
Robson Bolsoni é um jovem corajoso, em ebulição, e segundo Priscila, muito "gostosinho". Priscila Andrade é uma mulher muito talentosa, direta, politicamente incorreta e interessante.
Ela lembra que a pouco tempo, nós fomos "acusados" de termos um romance, o que nunca ocorreu! Pelo menos ninguém lembra disso ter ocorrido! Uma calúnia!! rs...
A conversa ia fluindo razoavelmente bem, entre pasteizinhos de conteúdo impublicável, baratas simpáticas, conhaques honestos, chopp de caráter discutível e salutares cervejas "Caracú"!
Sim, cerveja "Caracú", porque nosso jovem cineasta é um homem muito macho, pô!
E macho que é macho mesmo, toma "Caracú" com vidro!
Pois é, e nosso amigo cineasta e gostosinho assim o fez. Ao abrir a garrafa de cerveja o garçon não percebe que o gargalo quebrou e que um pedaço de vidro caiu no copo de Bolsoni.
Ele bebe, mastiga o objeto estranho, e diz estupefato: Cacete olha isso!
A boca sangra. O garçon diz: "É... de vez em quando isso acontece... (?!) ...
Simplesmente surreal!
Priscila num ato quase heróico entrega seu copo de conhaque e berra:
- Toma tudo, anda! Toma tudo e agora.
Pensei: Cicatrizante? Anestésico? Anti-bactericida?Anti- acido? Anti-coagulante? Hummm...
Bom, muito do que se bebe hoje em dia, no início era usado como remédio, vide bula, quer dizer, vide a historia do gim.
Cortou? Sangrou? Já sabe: "Caracú" com "Domeq"!
Eis que de uma hora para a outra uma sirene começa a soar alto dentro do bar.
Percebemos então que todas as mesas ao redor foram guardadas, o chão varrido, e os funcionários do bar de "mãos nas cadeiras" nos olhavam como que perguntassem:
- Os artistas aí vão demorar muito tempo para irem embora?
Pensei em falar com o gerente, mas não deu tempo, pois Priscila Andrade em outro rompante chama até nossa mesa o quase simpático "Otenildes" (sim, o nome é esse mesmo!).
- Tá vendo este conhaque? Só vou embora depois de acabar o último gole - brada ela, ávida por seleuma de maior proporção!
Coitado do Otenildes. Cansado de sua árdua tarefa de trabalhar naquele dia de finados, ainda tem que "aturar" esses três insuportáveis que não têm nada mais o que fazer!
Depois de muito resmungar decidimos ir embora. Destino: a casa de Priscila.
No meio do caminho resolvemos não ir, pois no dia seguinte bem cedo, eu e Robson teríamos que dar continuidade ao projeto "Quadra a Quadro".
Priscila se rebela, e nos chama de "bundões".
em retaliação nos mandamos para a Lapa afim de desova-la.
Entre abraços e xingamentos nos despedimos carinhosamente, e marcamos de nunca mais nos encontrar, pelo menos naquele barzinho execrável!
Priscila fica na Lapa, eu e Bolsoni como sempre nos perdemos e fomos parar em Copacabana.
Copacabana, Ipanema, Leblon, Barra, etc. Aí já viu...
Outras paradas, outras histórias, outras bizarrices e outras poesias.
Só faltou Priscila Andrade, mas ela deve ter se divertido também.
Mas isso você talvez só saiba lá no blog dela
http://dedodemoca.blogspot.com

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Poema: Delírio (Anderson Julio)

Ao te ver andar
naquela outra calçada,
minha vida descompassada,
louca e confusa
se atira do meio fio
e cruza
as avenidas...
os sentidos...
e as verdades malditas
de que já não me fitas.

Nem os apelos infindos
dessas tardes paulistanas
de venturas insanas,
não te convencem mais
de que vale a pena,
ou de que a vida em cena
não se repete agora,
quando você chora.

Ao te ver seguir
sem olhar pra trás,
eu grito contumaz,
e quase choro,
pela musa que adoro,
pela chance que imploro,
pelo derramar do leite,
e pelo deleite,
pelo martírio
em forma de delírio
que me faz...
te querer assim...
e ainda...
acreditar.


(Publicado em 20/10/2006)

sábado, 14 de outubro de 2006

Poema: Forma de Ilusão (Anderson Julio)

(Dedicada a Dudu Sanches e Sônia Klein)


Todo o movimento
Que faço a cada curva
Todo o sortimento
Que trago a cada hora
Todo o acalento
Que do nada evapora
Todo o sofrimento
Que faz a tarde turva

Toda a maresia
Que umedece a janela
Toda essa fobia
Que meu sorriso estanca
Toda a histeria
Que minha alma tranca
Toda a sinfonia
Que emudece essa cela

Nada vinga
Nada floresce
Nada é suficiente
Para que me olhes aqui

Nem a ginga
Nem a prece
Nem o meu ar demente
Me traz um pouco de ti

Beijos sem direção
Dias em convulsão
Todos na contramão
Um mundo chamado “vazio”

Noites com jeito sombrio
Sexo sem nenhum arrepio
Outro bule de café frio
E você em forma de ilusão.

(Dedicada a Dudu Sanches e Sônia Klein)


Publicado em 14/10/2006

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Poema: Calibre (Anderson Julio)

Devastador!
Assim concluo
o ferimento que possuo...
nas entranhas dos meus medos,
nas esquinas dos enredos
que invento com a dor.

Imaginável...
O amor puro...potável...
Que brota ao longo do tempo...
e que gira ao gosto do vento
a cada vez
que me permites... outra vez...
te ter aqui.

Inebriante...
Tua boca colante
maior do que a minha
no breu da cozinha
a me afogar em lembranças
e na ginga das danças
que nunca tivemos.

Inatingível...
O amor preservado
no tempo roubado.
O olhar que diz tudo
E o sorriso mudo
Da vida tão nossa
Que sempre se esboça...
A cada toque...
A cada pausa...

Inconseqüente...
O pulo do muro...
O beijo no escuro...
A cada encontro
E tudo que vem...
E tudo que vai...
E tudo que inibe...
Esse amor
de grosso calibre
que mata e renasce...
no teu olhar verde
e nesse meu mundo...tão teu!

(Publicado em 05/09/2006)

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Poema: A Tua Espera (Anderson Julio)

Em mim um vácuo...
inócuo...
da saudade dura
que me corrói.
E o que dói
é a resposta
de minha solidão
na mesa posta
que arde,
que invade,
e que no fim,
junto com o gim
me destrói.
Ah dor infinda
da falta que fazes!
E ao fazer as pazes
com a esperança
minha alma
te alcança
e se ajoelha
diante de tua boca
vermelha,
e pede compaixão.
Vem agora
porque a manhã adora
te ver aqui
junto aos meus quadris.
E como diz
o poeta infeliz:
me salve,
me queira,
do Leblon
à Madureira,
porque a fogueira
que há em mim
não se apaga.
E que ela te traga
quando me olhas assim.
As horas morrem
e me socorrem
nessa cratera
do meu peito
a tua espera.

(Publicado em 31/08/2006)

terça-feira, 8 de agosto de 2006

Poema: Além de Mim (Anderson Julio)

(Dedicado a Maria Mrowinska e Robson Bolsoni)

Enfim
descubro-me do cetim
e te descubro por fim
em um pedaço além de mim.
Num cômodo nunca tocado,
no incômodo não desejado
vem você sem alarde
chegando com a tarde
a se afogar no horizonte.

Um fim do mundo
rumo ao absurdo
que eu tanto quis
para ser feliz.
Se ajeita!
Que noite é perfeita
pra brincar no escuro,
eu tenho a receita
do inseguro,
e tenho a verdade
que nunca juro,
e a mentira
de um homem puro.

Nudez na rua
e em minha pele.
A noite crua
que se revele.
Tua mão, teu peito...
Teu olhar de raio...
Um novo conceito:
Nossa vida em ensaio.


(Publicado em 06/08/2006)

segunda-feira, 31 de julho de 2006

Poema: Murmurando Ventos (Anderson Lobone)

Sigo aqui
Falando brisas,
Gritando tufões,
Grunhindo furacões,
E murmurando ventos

Ventos que te embalam
Ventos que te levam
Ventos que te ferem
Ventos que te salvam

Um tufão violento
Um sopro ao relento
Uma brisa leve
Um ventar tão breve

Sou bem, sou mal
Um poeta afinal

Do fim do beco
Do beijo seco
Da mão ferina
Serra e neblina
Vendo ilusões
Roubo paixões
E o teu fim
Começa em mim.

Sou bem, sou mal
Um poeta afinal

Giro o moinho
Te trago o vinho
Se me machuca
Te beijo a nuca
Te dou paixão
Lhe trago o pão
O teu alguém
Sou o teu bem

E permaneço aqui
Falando brisas,
Gritando tufões,
Grunhindo furacões,
e murmurando ventos.

(Publicado em 21/12/2005)

domingo, 16 de julho de 2006

Poema: Kamikazes (Anderson Lobone)

Entardece...
e o que me emudece
ao te ver bailar na areia,
é esse teu fingir sereia,
que norteia o sol
pelo céu abaixo,
nesse escracho
que fazes no horizonte,
e de fronte ao que eu ainda sou.

Anoitece...
e o que me enlouquece
ao te ouvir cantar pra mim,
é saber que não têm fim,
esse meu vaticínio
da solidão em eterno declínio,
e a nossa risada,
por cada onda contada,
e cada abraço vivido.

Amanhece...
e o que me entorpece
ao ver teu corpo ao meu alcance,
é o suor desse romance,
escorrendo licoroso,
junto ao tempo nervoso
que devora cada hora
e nos torna kamikazes
e loucamente capazes
de entardecer...

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Poema: Naveguei (Anderson Lobone)

Sim, naveguei!
E foi mar a dentro
e diante dos ventos
que busquei os pedaços.
Foi encharcado de vida
que curei as feridas
da alma e dos braços.
Olhando gaivotas
migrei outras rotas
sem nenhum farol.
Senti calafrios
nadando sombrio
em busca de sol.
Sim, naveguei!
E foi navegando
que fui te apagando
em meus oceanos.
A boca salgada
não mais afogada
nos teus desenganos.
Naveguei eu sei...
Pra longe de ti...
Pra um mar tranqüilo...
Onde o azul dos teus olhos
sejam o passado...
Ou esse céu
que insiste em me fitar...



(Publicado em 15/06/2006)

segunda-feira, 19 de junho de 2006

Poema: Do que mora aqui! (Anderson Lobone)

Passos dados...
Tantos foram...
E um deserto de dúvidas
a atormentar uma vida...
Cada alma a cruzar o caminho...
Cada desalinho a furtar a calma...
Palavras precisas
vindas de bocas furtivas...
Ah... onde anda você
que levou o que ainda restava de mim?
O tempo mestre segue calado
e sem piedade
e eu aqui... acuado!
Tantas paisagens humanas visitadas
e minha alma ainda pousada
em tuas mãos de veludo.
Ainda me desnudo
ao falar de você,
ao sorrir no vazio,
e ao dormir com as manhãs.
Aonde estiver
pense em mim.
Pois eu já fiz tudo
aquilo que me cabe...
e você ainda não sabe
do que mora aqui.


(Publicado em 23/05/05)

quarta-feira, 31 de maio de 2006

Anderson Lobone e o guitarrista Cláudio Gurgel intensificam parcerias para o CD "O Baú do Fim"

O renomado guitarrista e produtor musical Cláudio Gurgel estará a frente da direção do primeiro Cd de Anderson Lobone.
Para isso, eles intensificaram o trabalho de parceria em composições, iniciado em 2005 . As canções "Longe de Mim", "Baú do Fim", "Dizeres", "Quando eu vou parar?" e "O Ilusionista", são os primeiros frutos dessa recente parceria de velhos amigos - Nos anos 80 Anderson participou das bandas Dose Final e Silex onde também tocava o irmão de Cláudio, o baixista Sérgio Gurgel.
Para Anderson, o guitarrista se encaixou como uma luva no projeto do seu primeiro CD:
- Quando voltei do sul reencontrei o Cláudio Gurgel depois de 10 anos, e percebi o grande músico que ele havia se tornado. Começamos a conversar sobre o meu projeto e ele me deu direções que eu não havia pensado antes, e o melhor, percebi que este meu velho e querido amigo consegue navegar com maestria no universo das coisas que eu escrevo. Fez músicas absolutamente maravilhosas para os meus poemas, e começamos ali uma parceria que esta em pleno vapor e com o processo de criação acelerado.
As nuances das músicas de Cláudio Gurgel, remetem o ouvinte ao mais puro blues e à um elo de ligação entre o rock and roll dos anos 70 com a atual cena da música pop.
Depois de lançar diversos CDs próprios, e tocar com inúmeros nomes da MPB e do Pop Rock nacional, o virtuoso guitarrista - já aclamado nas páginas da "Guitar Player" - assume a direção do álbum de estréia do amigo e agora também parceiro, Anderson Lobone.
Com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2007, o cd "Baú do Fim" de Anderson Lobone, trará um apanhado de músicas próprias do poeta carioca, além das parcerias com Cláudio Gurgel, e deverá transitar entre os universos do pop, do rock e do blues.


Gabriela Santana - ArtNews/MG

quinta-feira, 25 de maio de 2006

Poema: A Canção Era Tua (Anderson Lobone)

Meus olhos talvez
não estivessem prontos...
Minha cabeça tampouco...
E minha alma...
Bom minha alma quase se perdeu
quando te encontrei.
Não fui mais o mesmo desde então:
Mudez sem calma, nudez na alma,
e um frio estranho nas mãos.
Piano, violão,
e uma festa no outro salão.
Não lembro o que toquei
mas sei,
que a canção era tua,
que fiz pedidos à lua,
e que vi teus traços ali.
Teus olhos miravam
em outra direção,
mas sei que a minha canção,
tomou teu corpo de assalto.
E a cada salto do meu peito
eu olhava o teu jeito
de menina, de mulher,
mas sequer reparavas,
no que em mim nascia.
O outro dia,
e o outro, e o outro...
Olhando a janela,
te vejo na tela,
a chorar solidão...
Vida, contradição.
E assim... pelo sim, pelo não,
prefiro te ter como eu posso.
E esse mundo nosso,
testemunha ocular,
do meu peito a te amar,
num silêncio escondido.
E a cada verso gemido,
te desejo,
te quero,
mesmo assim distante,
e num acorde dissonante,
ainda canto para a lua,
minha vida tão longe da tua,
mas você aqui
dentro de mim.


Publicado em 22/05/2006

quarta-feira, 24 de maio de 2006

Poema: A Cada Maio (Anderson Lobone)

(Dedicado à dançarina Quitéria Chagas)



Ondas do povo do mar...
Raios do povo do céu...
Ventos do povo da mata...
Me mata vai...
No bailar dos teus braços...
No levitar dos teus passos...
No laço...
do teu sorriso, lindo!
Atormenta...Faz tremer teu poeta...
Acalenta... me faz perder o compasso...
No tempo e no espaço
em que bailas assim.
Fecho olhos... te imagino a rodar
sob o bater forte do tambor...
És rainha? És madrinha?
Já não sei...
Mas quisera eu ser Rei
E te dar meu império, sério!
Lá no alto da serra,
e na poesia
que encerra o meu dia,
te dizer do meu sonho,
e do que já não te proponho...
A cada ensaio,
e a cada maio,
eu saio de mim...
Pobre de mim...
Mas deixe... deixe assim...
sambe assim...sambe sim...
Porque este amor
já não tem fim!

Publicado em 03/05/2005

Poetrix: Somatório (Anderson Lobone)

A folha (ela) + O lápis (ele) + O amor (inspiração) + música e perfume(viagras) = poesia(eu)



Publicado em 12/12/2005

Poema: Os Dedos da Moça (Anderson Lobone)

(Dedicado à poetisa Priscila Andrade)

Moça apimentada essa.
Não..não falo de suas curvas.
São as cenas turvas que ela retrata
de maneira exata
que me aquecem
e permanecem
em minha mente.
Louca essa moça...
Minha poesia de louça...
se parte com suas frases
feitas de argila
e minha alma assimila
o doce dançar de Priscila.
Dançando ao vento...
Dançanço solta do tempo...
Palavras ritmadas
de uma boca apimentada.
Meus ouvidos também de louça
são levemente tocados,
pelos dedos dessa moça,
no sussurro de sua poesia,
que anoitece...
e vadia...
cada noite...
cada dia...


Publicado em 20/03/2005

Poema: Morrendo Aqui (Anderson Lobone)

Se essa noite eu disser não...
Perdoe minhas tolices...
Elas são tantas
Que lá pelas tantas
não terão mais importância...
São tolices de quem só se defende...
Me entende...
Estragar uma noite assim,
Logo eu... poeta de mim...
no calvário sem fim de ser sozinho
e no desalinho do que finjo ser.
Andando em círculos...
Traçando linhas...
Perdendo retas...
Morrendo aqui.
Perdoa meu sorriso vazio...
Me denuncio em cada um...
E não vivo em nenhum...
Porque definho a cada sol...
Contrariando o girassol...
e me mato a cada primavera
nessa espera...
inútil...
do amor que não voltará...
do beijo que não chegará...
e nesse compasso
que não termina.


Puclicado em 23/09/2005

terça-feira, 2 de maio de 2006

As fotos de "Murmurando Ventos" a cargo do fotógrafo Robson Bolsoni


No último dia 29 de Abril o renomado fotógrafo Robson Bolsoni produziu o material fotográfico de "Murmurando Ventos", livro que será lançado no fim do ano pelo poeta carioca Anderson Lobone.
Além das fotos destinadas a obra, a sessão de fotos produziu também, farto material para divulgação do autor.
Segundo Anderson, o fotógrafo também será o responsável pelas ilustrações de "Murmurando Ventos":
- O Robson Bolsoni tem um talento incomum seja na fotografia, seja em ilustrações ou no cinema. Ele já fez desenhos maravilhosos para os livros do Leonardo Mendonça lançados aqui no Brasil e na Argentina. Estou muito feliz de poder contar com o seu talento tanto nas ilustrações quanto na produção do material fotográfico - diz.
(Foto: Robson Bolsoni)

segunda-feira, 1 de maio de 2006

Comunidade no Orkut discute "A poesia de Anderson Lobone"


Criada pela professora mineira Luana Maia Costa, a comunidade "A poesia de Anderson Lobone" discute no site de relacionamentos Orkut, o trabalho do poeta e escritor carioca, e em pouco tempo, recebeu a adesão de diversas pessoas que tem a oportunidade de conhecer e debater os textos de Anderson Lobone.Para Luana, o sucesso da comunidade é resultado do talento do poeta:- Antes a comunidade era formada pelos amigos do Anderson e por quem conhecia o trabalho dele dos encontros literários. Depois de pouco tempo muitas pessoas passaram a fazer parte da comunidade porque conheceram suas poesias em sites e no prórpio orkut - explica.Para o autor, a criação da comunidade serviu de impulso para o seu reconhecimento no mundo virtual:- Sou eternamente grato a Luana porque percebi que depois que ela me presenteou com essa comunidade, muitas pessoas que andavam pela internet atrás de poesia ,passaram a me conhecer e ler os meus textos, além me convidarem para fazer parte de grupos literários na internet, e de eventos de poesia aqui no Rio e em outros estados - comemora.Outro indício de que a poesia de Anderson começa a se espalhar pela internet é o grande numero de sites e de páginas pessoais no próprio Orkut que usam os textos do poeta:- Já tem muita gente que coloca os textos dele na página inicial do orkut. Os versos de "Ventania", "Minha Alma Livre", "Linguagem" e "Baú do Fim" entre outros estão nos sites pessoais de muita gente - afirma Luana.Em relação ao lançamento do seu primeiro livro, Anderson Lobone informou por telefone que o lançamento está previsto para o fim do ano:- Se tudo continuar de acordo com o planejado o lançamento será em Novembro deste ano, e vai ser um ótimo presente de Natal para os seus amigos - conlui brincando.A comunidade "A poesia de Anderson Lobone" pode ser acesada pelos membros do Orkut no endereço http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=8075039
(Celina Torres - Jornal Arte News / BH)

Poema: O Baú do Fim (Anderson Lobone)

Essas fotos que não tiramos,
as carícias que nao trocamos,
as promessas que não pagamos,
as memórias que não escrevemos...
Ainda haverá lugar pra tudo?
Pra esse silêncio do mundo,
ou para esse corte profundo
do amor que não vivemos?
Separei os vinhos fechados,
os lençóis ainda dobrados,
os medos não revelados
e as verdades não vividas.
Juntei as cartas não feitas,
e aquelas frases perfeitas,
com as melhores receitas
que não foram servidas.
Tudo neste baú do fim,
arrancando você de mim,
esquecendo de tudo enfim,
e seguindo outro caminho.
Tudo muito bem guardado,
pronto para ser enviado,
sem remetente anotado,
para ser feliz... sozinho!


Publicado em 23/04/2006

Murmurando Ventos: Lançamento previsto para Novembro de 2006


A publicação do primeiro livro de Anderson Lobone está prevista para novembro de 2006.Aguardado com ansiedade pela atual cena literária independente, "Murmurando Ventos" trará uma pequena mostra do universo poético desse talentoso e respeitado letrista, e contará ainda com as fotografias e ilustrações de Robson Bolsoni.São poesias, crônicas e letras escritas ao longo de mais de vinte anos por este escritor e músico carioca, que nos explica o título de sua primeira obra:- A idéia do título do livro saiu de "Ventania" um dos meus poemas, e fala das sensações que cada palavra da poesia falada pode causar: desde uma brisa até tufões violentos - diz.O autor informou também que "Murmurando Ventos" já está em fase final de revisão, mas não quis adiantar o nome do responsável por prefaciar sua obra de estréia:- Alguns amigos se ofereceram para prefaciar o livro, e todos são muito talentosos, o que me deixa muito envaidecido e feliz - conclui.
(Por: Ronaldo Carvalho)
Foto: Robson Bolsoni

Poema: Por que eu te amo? (Anderson Lobone)

Por que eu te amo?
Isso é pergunta que se faça?
Na tua cabeça não passa
que o que meu sentimento traça
é puro,
verdadeiro e imenso,
e que em que pese o eu que penso,
não tem causa nem motivo,
e, o é, porque estou vivo?
Amor assim não se mensura,
Não se pede, não se jura,
Apenas se toma com ternura,
esse elixir anti-amargura.
Amor assim se toma num gole só,
Faz incerteza virar pó,
Com todas as notas após o dó.
Amor assim não se sente sozinho!
Se brinda no Porto com vinhos,
Se pega pelos colarinhos,
E se conta deitado no ninho.
Amor assim se entende
sem pressa,
Não sei nem onde se começa,
mas afinal,
quem se interessa?


Publicado em 13/02/2006

Letra de Música: Não me deixe ir embora (Anderson Lobone)

Não me deixa ir embora
Fique um pouco mais
Chegue de repente
Não olhe para trás
Não me deixe ir embora
Olhe tudo isso
Não vamos perder
Um amor assim
O que a gente precisa
É se olhar nos olhos
E ver a verdade
O que a gente precisa
é transformar isso
em realidade
Não me deixe ir embora
Nunca diga não
Olhe meu sorriso
Pegue a minha mão
Não me deixe ir embora
Me entregue tua boca
Cuido do meu corpo
Grite... fique louca
Não me deixe ir embora
Fale das verdades
Ouça minhas mentiras
Por essa cidade
Não me deixe ir embora
Sinta um arrepio
Não se arrependa
de chorar por mim
Não me deixe ir embora
Veja meus receios
Fale da minha mão
Fale dos seus seios
Não me deixe ir embora
Eu sou inseguro
Me dê um abraço
E um sorriso puro!
O que a gente precisa
É se olhar nos olhos
E ver a verdade
O que a gente precisa
é transformar isso
em realidade


Publicado em 12/11/2005

Poema: Minha Alma Livre (Anderson Lobone)

Observe minha alma.
Ela é livre, pura,
e as vezes obscura.
Tente entendê-la
por mais que não possa vê-la...
por mais que não possa tê-la...
Ela não é de ninguém...
nem foi... nem vai...
E a cada noite que cai
ela se renova,
e prova o quanto voa por aí.
Entende,
cada vez que se surpreendes
com sua nova direção,
muitas vezes na contramão,
é que ela quer dar o sinal,
que voar não faz mal,
enfim,
nem para você,
nem para mim.
Observe...
observe e sorria,
milha alma tem carta de alforria,
desde que a noite vadia,
se deitou com o novo dia.
Aproveita,
pois quando minha alma se deita,
ai ao lado tua,
é porque a lua,
ainda não me chamou lá fora,
e antes que chegue a hora,
me beije com muita vida,
porque minha alma esquecida,
vai se deslumbrar com a partida,
e pode ser que nunca mais,
queira olhar para trás.
Vai,
me beija com ternura,
pois hoje
minha alma ainda é pura...
e somente tua!

Publicado em 02/03/2006

Poema: Permissão Para Enlouquecer (Anderson Julio)

E se eu mais uma vez não disser que te amo?
E se você outra vez achar que não te quero?
Como fazer para ser tão sincero?
Dizer o quanto te espero?
Ai não faz essa cara de que não acredita
num amor tão intenso e puro,
eu juro: a muito que ele é só teu!
As coisas que a tanto tempo
povoaram minha alma
e tiraram a minha calma
nada tinham de seu.
Sou eu que amei burramente
por tão silienciosamente
guardar em pranto abafado
o que deveria ser publicado
e talvez até gritado
pelas ruas,
cidades e oceanos.
Desenganos...
Tantos foram ao longo do tempo
que quando penso,
me atormento
em lembrar o quanto me calei, eu sei.
Mas agora não mais,
nunca mais,
pois está tudo dito,
e o infinito
só pode me dizer que o que sinto
é o nectar de ser feliz com você,
ou um imenso conflito,
e uma permissão para enlouquecer.


Publicado em 13/02/2006

Poema: Quando eu Minto pra Você (Anderson Julio)

Quando eu falo aquelas coisas
E não te olho direito...
Quando eu sempre arrumo um jeito
De dizer que eu não sabia...
Quando eu falo do meu dia
Sem um clima de ternura...
Quando eu falo da loucura
De andar na rua estreita...
Me espreita...
Eu devo estar mentindo
Te oferecendo minhas frases feitas
Quase perfeitas eu diria...
Em meio a flores e magia
Eu não responderia...
Por mim...
Por nós dois...
Nem depois...
Quem sabe o que diz?
Quando eu minto pra você
É que eu não “tô” feliz...
É que eu perdi a hora...
É que eu me peguei fugindo...
Temi ver você partindo...
Temi te perder...
Temi sofrer...
Temi a mim...
Por mim...
Fica...
Porque quando eu te minto,
Meu instinto sucinto
Simplifica
E até modifica
o que eu sinto.
Não fica assim...
por mim!
Eu te amo...
Eu tento...
Eu quero...
Eu minto...


Publicado em 14/04/2006

Poema: O Último Vôo (Anderson Julio)

Vem...
Já está na hora.
O tempo que urge lá fora
não permite indecisões.
É preciso que a coragem embarque
para que possamos estar juntos
de vez ,
e não apenas mais uma vez.
Vem...
Meu sorriso nervoso
e teu sorriso ansioso
estarão juntos então,
na próxima esquina,
na outra estação,
no aeroporto enfim...
E tudo o que há dentro de mim
será teu como estava escrito
como eu tinha dito,
como foi no passado.
Anda vem...
Vem cuidar do teu bem,
que tem medo de avião,
e não conta para ninguém,
e que tem...
um coração assim,
menino,
frágil
e teu.
Anda vai...
Não vamos perder esse último vôo...
O vôo que escreverá nosso roteiro...
O vôo derradeiro...
De uma história que ninguém se opôs...
um vôo que dividirá o antes do depois...
Anda vem...
que meu coração já esta no destino...
e minha mente em total desatino...
e minha alma ainda é ...
de menino.


Publicado em 24/03/2006

Poema: "Ir levando"? Nunca mais! (Anderson Julio)

Durante muito tempo
“fui levando” a minha vida.
Aturando o que não me agradava...
Suportando o que não suportava...
Engolindo o que não gostava...
Isso não faço nunca mais!
Sou poeta, sou ilusionista,
Escolho sempre a outra pista
pra andar mesmo sem rumo.
Não me permito mais
andar olhando pra trás...
Eu volto e não sigo mais...
Volto, sento, empaco...
Me jogo no buraco...
E quanto forem me salvar
não estarei mais lá...
Não quero mais me conformar...
Vou lutar, vou jogar, vou tentar...
E se eu me machucar
acharei um jeito de curar,
e depois vou retomar
o caminho a trilhar...
Não quero mais setas
a apontar caminhos,
quero vida em outros ninhos,
cabelos em desalinho,
outra flor,
outro espinho...


Publicado em 25/02/2006

Poema: Não Me Amas? (Anderson Julio)

Não grite que você não me ama,
Eu já entendi.
Te devolverei suas frases
de que não podes viver sem mim.
Não explique por que não me ama.
Não precisa, já entendi!
Essas noites de pensamentos fixos
naquele cara que sou,
devem ser frutos de sua mente desocupada.
Não conte para os outros que não me ama,
Ninguém mais alem de mim precisa saber.
Apenas evite falar
tanto de mim para as pessoas.
Não explique que somos apenas
bons amigos,
Eu sei disso a muito tempo.
Mas evite pensar na boca
e no sorriso desse amigo.
Não diga pra eu não me apaixonar por você,
Eu sei que não posso.
Mas não fique aí querendo saber
das bocas que beijo.
Eu sei que você não faria amor comigo,
Afinal somos amigos.
Mas tente evitar
os pensamentos sobre meu corpo,
E de como eu seria carinhoso ou não.
Não repita que me queres
como um irmão,
Falastes isso muitas vezes.
Mas ao por tuas roupas intimas,
Não se pergunte
se eu gostaria das cores.
Não fales que eu não te perturbo,
Nem quero fazer isso.
Mas evite se arrumar ou se produzir,
Quando sabes que te verei,
E nem faça pose ao estar
diante de mim.
Não precisa jurar que não me ama,
Nem provocar conflitos a cada vez que me vê.
Todos já sabem da tua verdade...
Pelo menos... dessa...
que dizes da boca pra fora!
Não me amas?Tá bom...

Publicado em 14/02/2006

Poema: Sete Ondas (Anderson Julio)

E eu alí vendo o mar,
vi a primeira onda chegar
trazendo lembranças do que vivi,
e ansiedade pelo que virá.
E eu alí a pensar,
vi a segunda onda chegar,
e me falar dos meus medos,
e de meus loucos enredos,
onde será que vão dar?
E eu alí a duvidar,
vi a terceira onda chegar,
mostrando o que fiz de errado,
em todos os lados,
fatos consumados,
e pernas de calça a molhar.
E eu alí a chorar,
vi a quarta onda chegar,
e me convercer que não basta,
minha poesia nesfasta,
pra me fazer sossegar.
E eu alí a sonhar,
vi a quinta onda chegar,
e revelar minha face,
a cada hora que nasce,
meu pensamento a vagar.
E eu alí a rodar,
vi a sexta onda chegar,
a me em purrar para os lados,
pagando todos os pecados,
com sol, com sal, e o cantar.
E eu alí a rezar,
vi a sétima onda chegar,
não ví na prece perfeita,
que me olhava a espreita,
a moça linda do mar.

Publicado em 30/03/2006

Poema: Hoje eu Estou Sozinho (Anderson Julio)

Já olhei a lua pela janela,
e já escutei o quebrar das ondas.
Mas hoje tudo isso
parece não ter importância
e não me servir de inspiração.
Ontem tua cabeça em meu ombro
me livrou dos assombros,
da solidão fria
que em mais um dia
quis me congelar.
Tuas mãos safadas e quentes
teu ranger de dentes
fizeram a noite ser infinita.
O que em mim habita, hoje,
é esse sentimento vazio,
porque você não voltou aqui.
E aí,
como fica essa história?
Hoje você não voltou
e eu a escrever sem rumo
sem prumo,
sem nada...
Não ver tua boca micropigmentada
nem tua face corada
com as bobagens que eu digo.
Nem mesmo esse copo de vinho,
que vê como eu definho,
pode impedir essa tristeza,
essa saudade louca,
de ouvir tua voz rouca,
a sussurrar coisas indecentes
ao pé do meu ouvido.
Anda...responde!
Onde?
Cadê tua risada ritmada?
Onde estão suas coxas suadas?
Não vejo nada nesse caminho,
porque hoje eu estou sozinho.

Publicado em 14/03/2006

Poema: Mais que ontem (Anderson Julio)

E amanhã,
quando o sol acordar, e o gosto da tua boca,
ainda comigo, me fizer sorrir, sem jeito,
deixarei o melhor beijo para o fim,
e até lá, serei eu um mago bobo,
a te contar estórias sem fim, sem tristezas
ou ilusões... como a noite que é a nossa cama,
e o nosso delírio nesse inverno de sonhos...
Ata-me a boca com os teus beijos febrís,
e com as palavras que não consegues dizer.
Divida tudo o que for teu, comigo...
tua culpa... teu medo...tua dúvida...
Mas também me banhe com o teu olhar
de desejo, de amizade...
e de tudo aquilo que já não saber definir.
Me dê a tua mão,
e em troca te darei as palavras...
Palavras ternas e sorrateiras...
como as águas, que envolvem.
que levam...
que trazem...
e que me fazem te querer assim...
mais, muito mais que ontem...


Publicado em 12/02/2005

Poema: Linguagem (Anderson Julio)

Fotografei da minha janela
As coisas que vi na rua
Os anjos que vi na lua
E os homens junto a cancela.
Comentei ao pé do ouvido
Histórias sem cabimento
E as coisas que em movimento
Já não tinha mais sentido
Escrevi nas minhas memórias
Um beijo nunca esquecido
E o amor de verso gemido
Perdido em noites inglórias
Cantei a canção mais louca,
O verso menos palpável
No tom mais improvável
Grunhido da minha boca.
Apaguei a imagem perfeita,
Calei a canção em segredo,
rasguei o escrito com medo,
e joguei fora a receita.


Publicado em 20/04/2005

Poema: Ventania (Anderson Julio)

Quando olhei pela varanda
o céu debruçado sobre a serra
o céu debruçado sobre o mar
Meu peito disse que eu
precisava ser mais feliz...
E que eu nunca deveria ter fracassado...
Que eu deveria ter mais coragem...
Que eu deveria estar mais atento
Aos recados do vento...
Aos murmúrios das ondas...
Mas eu não sei ler nas estrelas...
Nem nas entrelinhas...
Não consigo nem escutar
O que me diz a rainha do mar...
Oh Ventania
que quebra as ondas...
Me alivia...
Me entregue as contas...
Que eu vou fazer uma guia...
Pra me proteger de mim mesmo
Pra me deixar mais valente
Pra não me deixar esquecer

Publicado em 12/12/2004

Poema: Lembrança (Anderson Julio)

Ela disse que queria me deixar
Então pedi que me deixasse uma lembrança
Dos tempos em que olhávamos
O mesmo horizonte da vida
E em que riamos
dos malucos nas ruas
De nossa inocência nua
E tomávamos os mesmos drinks
Uma lembrança que me falasse
De todas as frases que dissemos juntos
De todas as vezes em que calamos
E das vezes em que dissemos te amo
Uma lembrança que mostrasse nos dois,
em barcos no oceano,
nas canções do Caetano,
nas metas de nós dois
e em tudo o que veio depois,
bailando pelas cordilheiras de sonhos.
E ela disse que não havia essa lembrança
E ao mexer em suas longas tranças
Me respondeu numa voz mansa
Que ficaria aqui pra sempre, pra sempre...


Publicado em 22/01/2005

Letra de Música: Longe De Mim (Anderson Julio)

Onde esta em mim
este ponto de desencontro
que me faz tão imperfeito
e viciado em fantasias.
Já perdi meu blues,
esqueci dos nomes
que fizeram parte
das poucas verdades.
Será que eu vou encenar
durante muito tempo
essa versão patética
de um cara legal?
Quero entender esse poder
de me ferir aos poucos
com doces histórias prontas
de mel e de ilusão.
Quero sentir de novo o vento
que me leva suavemente
pra londe do perigo
que é me ver sorrir...
vazio!


Publicado em 20/08/2005

Letra de Múscia: O Ilusionista (Anderson Julio)

Quantas estrêlas você quer?
O que você quer que eu diga?
Meia dúzia de mentiras
perfeitas para a inimiga?
Se você puder... se você quiser...
Tenho histórias fascinantes,
Ilusões para uma mulher,
e na cartola uns diamantes!
Palavras lapidadas sim!
Respostas para as dúvidas,
excitantes beijos úmidos
e promessas para as dívidas.
Vou fazer você feliz
te dedicar meu blues mais lindo
Só não lembro do seu nome
e porque em mim acredito.


Publicado em 16/06/2005

Letra de Música: Segue O Teu Rumo

Eu já nem sei
no que foi que eu errei
ou o que foi delirio
Eu procurei
saber se eu te amei
ou se só corri riscos
Eu quis voltar atras
e dizer que essa paixão
estava mal vivida
E que sonhar demais
é saber dizer que não
sem deixar feridas
Mas eu não tive essa chance
você saltou do barco antes
Então tá tudo bem:
você quer ficar sozinha
e não ouvir mais nada
E diz que é assim
pois só na solidão
se encontra a própria estrada
Ta vem a gente esquece
desse pouco tempo a dois
depois de tanto tempo
Mas o que em mi restou
foi a estranha sensação
de ficar no caminho
Não vou pedir outra chance
pois o meu olhar diz tudo...
Segue o teu rumo
e esquece o que eu disse
a respeiro da lua
e as vezes que eu cantei
"Encostar na tua"
e todas as outras coisas que eu jurei
hoje eu já nem sei

Publicado em 15/04/2005

Poema: Poderia Ter Dado Certo (Anderson Julio)

Tinha tudo para dar certo
mas o tempo se encarregou
de fazer com que surgissem
outros caminhos,
meus caminhos,
teus caminhos.
Teus ombros de pura poesia
Tua boca de mel e alegria
Tuas conversas irresistíveis
E o teu jeito lindo, lindo...
Tudo isso mais que perfeito
E o teu beijo, teus olhos, teus peitos
Mudaram o tom dos meus dias
E me deram noites sem fim.
Mas algo mudou no caminho
E agora apesar da alegria
Somos apenas bons amigos
Sem ninguém desconfiar.
Poderia ser bom,
Poderia ter dado certo,
Mas o rumo incerto da vida
Nos deixou só essas lembranças.

Publicado em 14/06/2005

Poema: O Teu Canto (Anderson Julio)

Causa-me espanto a tua dor
velada sob esta maquiagem.
Sorriso de bela ninhagem,
meiguice, palavras de amor...
São tantas e tantas denúncias
Dos olhos marejados então,
Histórias de um bom coração
que chora amargas renúncias.
No vai e vem de uma estrada,
com verdes netos de borda,
se a lágrima ainda não acorda,
vagueias em torno do nada.
Seguindo sem direção,
tu choras e andas sozinha,
e meu afago é minha poesia
que levas...
será que em vão?
Seca o teu pranto abafado,
e limpa as bordas do caminho
com o aroma da flor sem espinho
e solte o teu canto calado.

Publicado em 24/06/2005

Letra de Música: Coisas da Razão (Anderson Julio)

Eu quis ver o tempo dispersar
A névoa espessa dessa paixão,
Que me faz vagar sem direção,
E fez amargo o meu cantar.
Mil pétalas eu contei,
mil canções eu quis fazer...
E pra tentar me esquecer,
Em mil drinks divaguei...
Mas tudo é tão pouco nessas madrugadas...
As horas passam rumo ao nada.
Eu quis seguir outro caminho,
Ouvir as coisas da razão.
Outra rota, outra direção,
E nunca mais amar sozinho.
Não ter mais aqueles olhos
Nem aquele riso alto,
Que me tomaram de assalto,
E que me tomaram os dias.
Mas tudo é tão pouco nessas madrugadas...
As horas passam rumo ao nada.
Vento dos mares,
Brisa do entardecer,
Leva de mim esse sentimento
Que não se desfez,
Não se desfez com o tempo
Que é “pro” meu sorriso
Renascer...

Publicado em 25/01/2006

Letra de Música: Escondidos (Anderson Julio)

Posso viver
de acordo com o meu tempo
Mas o meu tempo acabou
Com o meu pensamento
Não fui àquele encontro
Porque não tive coragem
E porque já não somos mais
tão irresponsáveis
A loucura que me leva até você
E a mesma que lembra
Dói meu beijo
È e mesma que lembra do suor
que nos banha a tarde.
Talvez seja melhor eu te ligar
Pois as palavras se perderam
E nós andamos juntos
Sem ninguém saber.


Publicado em 23/02/2006

Letra de Música: Meu Blues Cor de Rosa (Anderson Julio)

Os seus segredos se perderam
Pelas cordilheiras
E meus sentimentos amanheceram
Numa quinta feira
Se essa primavera
é mais louca do que as outras,
baby eu não sei.
Só sei que a rosa solitária do nosso jardim
Sorriu pra mim.
Não sei se te peço
pra lavar as minhas meias
ou se te telefono
pra dizer que eu sou triste...
Mas eu não sou assim
Pois eu sei do que em mim existe.
Não vou com a cara da sua mãe,
Ela me deixa assim confuso,
E com a corda no pescoço
Da minha loucura faço uso.
Vou te ligar de madrugada
só pra te dizer em verso e prosa
Que eu fiz um blues pra você...
O meu blues cor de rosa.

Publicado em 15/07/2005

Letra de Música: Sem Piedade (Anderson Julio)

Eu já te falei e não volto atrás
Vou te deixar no passado
E as feridas que você deixou
Vão cicatrizar sozinhas.
Por mais que você tente
Com mil telefonemas,
Com tantos bilhetes em vão
E lotando minha caixa de e-mails
Eu vou me curar dessa vez
E resistir aos teus quadris
Mesmo que eu me afogue
Num mix de drinks e lágrimas
Nunca mais olhar essa boca
Que me corria sem piedade
Mas que na hora da verdade
Feria como ninguém....ah não!
Que eu vou me rasgar inteiro, sei
Mas a minha dor ainda vai ser sua
Pra você saber do que fez comigo
E do perigo que eu sou, sozinho...

Publicado em 01/06/2005

Letra de Música: Pelo Tempo Distante (Anderson Julio)

Não, não se espante
È apenas mais uma noite
E eu aqui com você
Jogando conversa fora
E agora? E agora?
O que eu devo dizer
Pra te convencer
Que eu só quero ter você
Foi tanto tempo distante
Que o nosso passado ficou
Muito estranho para o presente
E o futuro meio incerto
Eu gostava muito baby
Quando a gente se perdia
No meio da noite estrelada
E se achava nos raios da lua
Eh nós estamos crescendo
E nem sempre vivendo bem
Mas pra mim basta os seus olhos
E saber que eu ainda te quero
Foi tanto tempo distante
Que o nosso passado ficou
Muito estranho para o presente
E o futuro meio incerto

Publicado em 14/03/2005

Letra de Música: Resumo (Anderson Julio)

A luz seduz a escuridão
o frio parte os labios então
Minha cara metade não vem
não esboço sorrisos na noite
Olhos verdes são meu vicio
a solidão o meu remédio
aqueles seios meu veneno
e os ombros minha vida
Luz de mercurio sobre a mente
conversas ao pe do ouvido
Gotas num parabrisa seco
são tantos os meus motivos
então me perco em cada não
da tua boca pela contramao
Preso num castelo de doçura
e fugindo da minha loucura
Meu sentimento blues
Heavy metal meus cabelos..
A princesa dos meus dias
e o homem que eu não sou.


Publicado em 15/09/2005

Letra de Música: As Mesmas Estrelas (Anderson Julio)

Eu já cansei de contar estrelas
E eu já nem sei se ainda posso vê-las.
O seu mundo é frágil, lindo e transparente...
O meu é sujo, louco e indecente.
Mas estrelas são estrelas baby
E já não há nada o que fazer.
Os seus olhos ainda brilham,
Mas tenho que seguir sozinho.
Deixe rolar esse sonho,
Pois os dias são mais que medonhos.
Não se preocupe com nada:
Seu perfume estará na estrada.
O que está em mim eu nem sei,
E o que flui em você é lindo.
E indo e vindo eu sei que eu não mereço...
E que eu já tenho um rumo que é só meu.
O tempo, a distância e as lembranças
Serão outras loucuras sem fim.
E o remédio pra esse veneno
São as mesmas estrelas em mim.

Publicado em 15/04/2005

Letra de Música: Não Querendo Saber (Anderson Julio)

Tudo agora é um quadro imenso
e de imagens sobrepostas
que aguça a minha mente distraida
Com imagens de nós dois
Foi-se o tempo que é fiel e rei
varios dias. madrugadas...
E raras foram as vezes
que revi seus olhos quase meus
Aí então ficava refletida
a imensa solidão em que ficastes
por querer ainda ser menina
e ignorar essa louca mulher
Por isso ando sem um rumo exato
pois não sei o ponto de desequilibrio
e me defendo não querendo saber
se ainda te amo como antes.

Publicado em 26/08/2005

Letra de Música: Algo De Bom (Anderson Julio)

Se eu ainda tenho algo de bom
Dentro do meu peito menina,
Eu ao menos ainda sei
Que é tudo teu e de ninguém mais.
E por isso cada frase que eu disser
Será muito pequena, eu sei,
Ao lado de tudo o que sinto
E perto da tua beleza impar.
Ah menina da boca pequena
De tantos beijos doces de mel,
Cala minha angústia solitária
E o medo desse homem tolo.
Desfaz os nós do meu coração
Atado de tantas desilusões
Mas que ainda pode lembrar
Dos caminhos para amar.
Só você, sem descaminhos
Tem a senha pra me salvar
E restaurar meu coração
Que é só teu, quando você quiser enfim!

Publicado em 14/01/2006

Letra de Música: O Que Eu Não Vivo (Anderson Julio)

Eu falo dessas coisas sem sentido
e o rumo dos meus dias vão e vem
Se isso soa mal aos teus ouvidos
eu choro em outros ombros pra o teu bem
Eu roubo tuas lembranças de oitenta e seis
Me atiro nas escadas sem saber
Que foi que deu as drogas ao cupido
Que flexa sem razão eu e você
Por mais que eu sempre jure te odiar
eu penso nos teus ombros infernais
mas você joga sujo novamente
e lambe minhas feridas e a minha paz
Não quero explicaçõe spra o que eu não vivo
e nem suas virilhas a meia luz
Eu vou te convencer que não te amo
e me esconder atras de um novo blues

Publicado em 02/02/2006

Letra de Música: Teu Preço (Anderson Julio)

Arranque de mim
Todas as suas dúvidas.
Elas estão divagando febris
Por entre as minha veias.
O preço da solidão
Não tem comprador agora.
O mel do seu olhar traiçoeiro
Tem o fel do meu medo.
Jogando palavras ao vento
Eu sigo o mesmo caminho
Das brisas e tufões violentos
Que regem as locas paixões.
Faz de mim teu mercador,
Sem pudor ou sentimento,
abra valas, dê sua dor...
Dê sentidos aos seus momentos
E fale das coisas mais lindas
Que você não pode sentir.

Poema: Um Outro Vento (Anderson Julio)

Rastreando uma paixão
Por mil vezes me surpreendi
Em minha boca nunca um não,
Nunca o verbo resistir.
Encontros dispersos em mim
Com a solidão sempre à porta.
Um rosto o vento trazia,
Um beijo só, sem resposta
Tangos, luas e o meu canto
Andando sem direção
Rugindo o meu peito no espanto
De outra aventura em vão.
Vai vento, cala minha voz
E trás o remédio para as horas
Que se atropelam entre si
E fazem de mim um estranho.


Publicado em 29/11/2005

Poema: A Cada Instante (Anderson Julio)

Vou mergulhar
outra vez no azul...
Vou emergir da minha face oculta...
E respirar aliviado...
Vou abrir os braços no tempo...
No tempo em que andei por aí...
Eu disse sempre...
Mas nunca tive a chance de mentir...
Eu disse nunca...
Mas sempre pude crer no que não ví...
Os caminhos que fiz foram doces...
apesar das amargas chegadas...
Eu nunca vou deixar de partir atrás daqueles sonhos...
De voar mais alto,
De voar mais longe
De sentir a brisa fresca
da manhã a me abraçar
De ver o sol a despencar
por trás dos montes
De ver a noite me ensinar
esses caminhos
E de olhar para trás a cada instante
querendo saber de você
Ah me deixa voar
Ah Me deixa voar


Publicado em 01/04/2005

Letra de Música: A Próxima Canção (Anderson Julio)

O que você não percebeu
é que esse meu coração maior que eu,
ainda crê que tudo é um velho blues
e que toda a história pode ter um fim.
Você não entendeu a minha loucura
Nem eu acreditou no meu cantar.
Se todo amor acaba após o ziper
Minha língua quer nos estancar.
Um pé na tua porta é a minha senha
pra você me invadir de todo jeito.
Me atiro sem olhar desse trampolim
no teu umbigo e na tua piscina escura.
Vai...se descabela grita e chora
eu quero ver no que isso vai dar.
Eu vou perder o trem na tua estação
e te despachar na próxima canção.


Publicado em 14/03/2005

Poema: Aquilo Tudo (Anderson Julio)

O homem corria pela areia
A criança brincava ao vento
O velho sorria para as ondas
E eu olhava aquilo tudo.
O homem mergulhava nas ondas
A criança fazia castelos na areia
O velho abria os braços no vento
E eu desejava muito aquilo tudo
O homem se secava ao vento
A criança corria das ondas
O velho deixava passos na areia
E eu amava aquilo tudo
O homem voltou aos seus sonhos
A criança se foi rumo à esperança
O velho seguiu de volta a vida
E eu aprendi aquilo tudo
Quero ser menino, homem e velho
Com a delicadeza da areia
Com a determinação das ondas
E com a liberdade do vento.

Publicado em 15/09/2005

Poema: Por Escrever (Anderson Julio)

Fugi feliz por outras linhas
Quando chegastes com poesia,
Então fiz minha tua harmonia
Só por saber que tu vinhas.
Fugi de ti... quase voltei
Tu não podias entender,
Como eu pude não dizer,
O que sabes que já sei.
Cada nota que roubei
Do florir da tua risada
Dissonante e desbotada
Quase incólume bradei
Seja a hora dentro em breve,
Em semitons ou desatinos
De amanhecer árias e hinos
O que canto e o que tu escreve.

Publicado em 28/08/2005

Letra de Música: Teu Chamado (Anderson Julio)

Cada vez que você ri
Das coisas que eu falo.
Cada vez que você debocha
Das frases que calo
Eu vejo que seus olhos
Denunciam os teus medos
E o enredo que me mantém
Providencialmente longe de ti.
Todo esse receio teu
Me deixa cada dia mais confuso
Por te querer tanto assim
E ter você tão perto.
Cada gargalhada tua
Me soa como um chamado
Para que eu quebre as algemas
E te busque nos teus devaneios
Me dê uma chance
De mostrar que podemos ser
Mais que um passatempo
Mais que uma tarde na vida.


Publicado em 29/03/2005

Letra de Música: Sem Amarras (Anderson Julio)

O que ninguém disse
é que o encanto acabou
que o castelo de areia ruiu
e que a luz nunca mais chegou
Faltou pagar para ver
faltou crer no querer e poder
fugiram as palavras perfeitas
e sobraram as frases feitas
Todos os olhares distantes
todas as histórias de antes
Vieram a tona num instante
quando a vida desistiu de nós
Um final quase feliz
nos livrou daquelas amarras
E o mundo que sabia de tudo
nos levou para a felicidade.


Publicado em 08/01/2005

Poema: Retrato Mudo (Anderson Julio)

Não posso crer
Que acordei!
E que o tempo passou
Como uma sombra suspeita.
Olhando da porta principal
Vejo pessoas tontas...
Vejo pessoas prontas
Pra mergulhar na vida.
E você nada me diz
Nesse seu retrato mudo
Que insiste em me fitar
Toda vez em que choro.
Fica um gosto de derrota
Nessa alma tão errada
Que nem posso resistir
A essa falta de vontade.
Ontem eu já bebi demais
Hoje eu já vivi bem mais
Amanhã eu quero o seu colo
Pois você sabe o que faz... comigo!

Publicado em 14/02/2005

Letra de Música: Quando eu vou parar? (Anderson Julio)

Um frio forte me envolve
e andando entre as casas tristes
da rua mal iluminada
atras da próxima parada
Um trago do pior cigarro
Um gole do pior whisky
Quem disse pra você
que estar só faz bem pra alma?
Os idiotas bêbados
são os mesmos de sempre
como as nuvens negras
que invadiram o céu
Ah quando eu vou parar
de esperar que alguem
tenha pena de mim,
e venha gritar que me ama?

Publicado em 15/06/2005

Poema: Outras Linhas (Anderson Julio)

Fugi feliz por outras linhas
Ao ver-te chegar com poesia.
Tornei meu tudo o que tinhas:
Sentimentos...harmonia....
Do florir da tua risada
Fiz acordes dissonantes.
Divaguei por mil baladas, e
Musiquei os teus instantes.
Tu falavas da paixão
Que como o vento te envolvia.
Renascei minha inspiração
Numa suave melodia.
E bom ver-te a cada hora...
Tens canção no coração,
e que com poesia, aflora
sempre em minha direção.

Publicado em 12/02/2005

Letra de Música: Névoa das Manhãs (Anderson Julio)

Não diga isso outra vez,
eu nunca quis dizer adeus.
Ficou um gosto de saudade
nesse beijo que te roubei.
faça de conta que esqueci
algum pertence no teu quarto
um daqueles ventos vadios
Me trará de volta outro dia.
Quantos desencontros aqui
e na poeira das estradas.
apenas alguns poucos motivos
pra voltar mais uma vez.
Peça algo pra nós dois
e bebe o licor desse beijo,
e me faça vagar em delírios
com um tiro certeiro no olhar.
Quando eu acordar amanhã
quero sorrir-te inebriado
na névoa sutil das manhãs,
eternas, quando em teus braços!


Publicado em 28/09/2005

Poema: Dizeres (Anderson Julio)

Não me tires
a liberdade da palavra
o prazer de ser "o dizer"
é maior quer a dúvida
Dividir a dúvida
é dividir o silêncio
É o medo da solidão...
O Medo de falar sozinho...
Eu quero estar nú:
Minha voz e meu corpo
Pra contar pra você
como está fazendo frio
Os dias passam
e a gente conversa:
Sussurro palavras
perto do seu ouvido
O que digo e o que ouves,
São verdades já ditas
São mentiras malditas
São capítulos da vida...


Publicado em 26/08/2005

Letra de Música: Nada Além Do Que Somos (Anderson Julio)

Eu e você,
Quem quer saber?
Da janela eu pergunto
E a vida lá fora faz silêncio.
O que fazer com tanta ternura,
Se cada manhã teima em dizer
Que não adianta nadar contra a maré
E que a vida vai cuidar disso?
O beijo que eu não vou te dar,
O afago que não vou sentir,
A balada que não te fiz
E o sussurro que não ouvi!
O tempo, dono do mundo, diz
Que além do somos, nada seremos,
E que os drinks que brindamos
Saúdam o que não faremos.
Grite a palavra mágica!
Me conte a senha secreta!
Bata com força em minha porta
Pra gente não se perder.


Publicado em 22/07/2005

Poema: Me Dê A Mão Agora (Anderson Julio)

Me dê a mão agora
Não deixe a vida parar
O tempo espera lá fora
O tempo espera lá fora
Mas o vento foi na frente
Abrindo os caminhos
Chamando as pessoas
A embolar os sonhos do mundo
Siga o meu olhar e você verá
Quanta coisa existe lá fora
Coisas que eu nem imagino
Coisas que conheço bem.
Mastigue minhas palavras
Enxergue meus pensamentos
E quando a noite chegar
Beije minha boca com ternura
Pois a vida lá fora urge
A esperança grita afoita
O medo se esconde no caminho
Mas eu conheço todos os desvios.
Dê aquele sorriso que eu amo
Dê sua mão macia e leve
Abra a porta da coragem
O tempo espera lá fora.


Publicado em 16/05/2005

Poema: De Volta (Anderson Julio)

Sinto que volto...
Volto aos dilemas e
às lágrimas cinema.
A poesia ressuscita!
O poeta abre os olhos,
Incrédulo e imóvel,
Alguns anos depois
Sem nenhuma musa presente.
Quero cantar outras linhas,
Tão lindas, tão minhas,
E adormecidas pelo destino,
Ou pelo meu desatino.
Procuro olhos lindos,
Amores eternos e insanos.
Quero saber de idos e vindos,
E muitos líricos planos.


Publicado em 15/05/2005

Poema: Como Está Escrito (Anderson Julio)

Ontem anoiteci com medo
Com medo do que viria,
com medo do que não veio
então corri pelas ruas sem rumo.
Minha cabeça trazia lembranças
Das ondas na barra
Das marés bruxas
De mundos melhores
Quero mergulhar fundo
No que é desconhecido
No caminho de Santiago
Vagar em busca de algo
Que nem eu sei o que é.
Ressurgir das cinzas,
Emergir sem medo,
Sem um só calafrio,
E sem nenhuma dúvida.
Mas vou chegar ao fim
Como está escrito
Como está no destino
Como está em minha alma.


Publicado em 26/08/2005

Poema: Algo Mais (Anderson Julio)

Eu sou apenas
Aquele que amanhece,
E toda noite me apago
E trago o que ninguém conhece.
Amores mal vividos,
Mil versos perdidos
E um mar de sentimentos
Entre baladas e ventos.
Cresce o vento lá fora
E o medo aqui dentro.
Te pergunto e agora,
O que fazer desse amor?
Tua boca, teus ombros,
E tantos motivos perfeitos.
Tua vontade deságua
No seu olhar sem jeito.
Tuas frases de efeito,
Minhas frases mortais:
Todo mundo querendo
e nada de algo mais.
Cresce o vento lá fora
E o medo aqui dentro.
Te pergunto e agora,
O que fazer desse amor?


Publicado em 22/05/2005

sexta-feira, 28 de abril de 2006

Comunidade discute a poesia de Anderson Julio no Orkut

Criada pela professora mineira Luana Maia Costa, a comunidade "A poesia de Anderson Julio" discute no site de relacionamentos Orkut, o trabalho do poeta e escritor carioca, e em pouco tempo, recebeu a adesão de diversas pessoas que tem a oportunidade de conhecer e debater os textos de Anderson Julio.
Para Luana, o sucesso da comunidade é resultado do talento do poeta:
- Antes a comunidade era formada pelos amigos do Anderson e por quem conhecia o trabalho dele dos encontros literários. Depois de pouco tempo muitas pessoas passaram a fazer parte da comunidade porque conheceram suas poesias em sites e no prórpio orkut - explica.
Para o autor, a criação da comunidade serviu de impulso para o seu reconhecimento no mundo virtual:
- Sou eternamente grato a Luana porque percebi que depois que ela me presenteou com essa comunidade, muitas pessoas que andavam pela internet atrás de poesia ,passaram a me conhecer e ler os meus textos, além me convidarem para fazer parte de grupos literários na internet, e de eventos de poesia aqui no Rio e em outros estados - comemora.
Outro indício de que a poesia de Anderson começa a se espalhar pela internet é o grande numero de sites e de páginas pessoais no próprio Orkut que usam os textos do poeta:
- Já tem muita gente que coloca os textos dele na página inicial do orkut. Os versos de "Ventania", "Minha Alma Livre", "Linguagem" e "Baú do Fim" entre outros estão nos sites pessoais de muita gente - afirma Luana.
Em relação ao lançamento do seu primeiro livro, Anderson Julio informou por telefone que o lançamento está previsto para o fim do ano:
- Se tudo continuar de acordo com o planejado o lançamento será em Novembro deste ano, e vai ser um ótimo presente de Natal para os seus amigos - conlui brincando.
A comunidade "A poesia de Anderson Julio" pode ser acesada pelos membros do Orkut no endereço
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=8075039

(Celina Torres - Jornal Arte News / BH)