segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Novo endereço do BLOG

Amigos,
meu novo blog agora está junto ao meu site em forma de diário...

É só chegar e ficar a vontade...

www.ajlobone.com/blog.php







Um abraço e Feliz 2009!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Conto: A casa da esquina

Quando o sol se debruçava sobre o parapeito das tardes de domingo, eu costumava sair e observar o movimento da rua onde eu morava. Fincada na esquina, havia uma casa grande. Do portão do meu velho sobrado era possível ver apenas o seu telhado. Quase nunca havia movimento ali. Vez por outra era que se ouvia uma canção da Edith Piaf vinda lá de dentro. A vizinhança comentava que os moradores eram um general aposentado e a sua governanta, companheira desde que a esposa dele apareceu morta no jardim. Dizem as más línguas que a professora teria sido envenenada. E que o militar teria deixado em testamento tudo o que tinha para  sua governanta.

Naquelas tardes, um carro branco estacionava em frente à casa misteriosa e uma bela jovem - com seus vinte e poucos anos - trazia várias sacolas de supermercado cheias. Ela não ficava ali mais do que duas horas e ao sair, trazia outras tantas sacolas. Imaginava-se ser uma filha ou sobrinha do militar. Talvez trouxesse compras. Ou levasse e trouxesse roupas. Ou tudo isso. Ou nada disso. Enfim, só mistério.

Em cada visita da jovem, um novo alvoroço nos portões da rua. Acho que todos esperavam por algum acontecimento que diferenciasse aquela rotina dominical. Povo fofoqueiro aquele.

Confesso que minha curiosidade também era aguçada a cada vez que eu ouvia “Non, je ne regrette rien”. Quem seria afinal o homem que amava uma das minhas cantoras favoritas? Sentiria ele muita falta de sua falecida esposa? Teria ele um romance com sua governanta? Seria eu um fofoqueiro também?

As interrogações de toda a minha rua seguiam em mais um daqueles domingos avermelhados pelo outono, quando escutei um antigo samba de Roberto Ribeiro que dizia: “Está faltando alguma coisa em mim. E é você amor tenho certeza sim.”

Percebi que a música vinha da rua. Curioso busquei sua fonte. Ao chegar ao portão notei que o reduto da diva francesa havia se rendido ao sambista carioca. Achei estranho, pois mesmo com outra trilha sonora, não havia movimento na casa. Nem mesmo a jovem do carro branco apareceu.

De repente, pouco antes do sol pousar lá atrás da serra, o portão da casa se abriu. O velho general se arrastava pelo chão com dificuldade. Todos correram para socorrê-lo. Ele balbuciava algo que denunciava sua falta de ar. Em segundos, desfaleceu.

Um médico que morava nas proximidades foi chamado. Constatou que o vizinho misterioso já habitaria outras orbes.

Corpo sem reação. Casa sem som.

A polícia chega. Ninguém sabia dizer nada. A governanta não está.

Outras semanas passam. Outros domingos amanhecem.

Agora na casa da esquina vivem a governanta, a jovem do carro branco e uma estranha história que nenhum dos fofoqueiros da minha rua suspeitaria.

Na sala, o aroma do incenso de alfazema se mistura com o cheiro da carne assada vindo da cozinha.

A música é jovem e romântica.

Sob a grama do jardim, restos de veneno.

Na suíte, indícios de romance e culpa.

 

Artigo: " Entre o desbunde e o caos da vida digital "

Não consigo esquecer aquele Janeiro de 1985. Se não bastasse a ansiedade das gravações de uma "demotape" da banda na qual eu "pilotava" as baquetas, ainda havia toda a expectativa das dez noites de sonho do primeiro "Rock in Rio" que mudariam para sempre a vida de uma geração inteira.

            A banda em que eu tocava – do qual o nome já nem lembro – era absolutamente influenciada pelo som do Queen, e tanto eu quanto meus companheiros de barulho estávamos aflitos pela chegada das primeiras sessões de gravação de nossas vidas.

            Naquele tempo, um simples erro, uma perda de andamento ou uma "desafinada" comprometiam toda uma seqüencia (takes) e ainda era sinal de perda de dinheiro. Naquela época não haviam as facilidades de hoje, em que debruçados sobre "Pró-Tools", "Áudio Logics" e "Auto-Tunes" da vida, podemos corrigir em segundos, lambanças fenomenais e transformar em cantor ou músico, aquelas  criaturas sem a menor noção de afinação ou ritmo.

            O mesmo se aplicava a produção de shows. No primeiro "Rock in Rio" as catracas da entrada eram facilmente deixadas para trás. E quando isso era feito por um "comboio" de cabeludos alucinados, aí além das roletas eram arrastados também, os bilheteiros e os seguranças. Lá dentro, a iluminação de "última geração" inebriava até mesmo aos gringos, acostumados às grandes produções. Aquilo era o máximo que a tecnologia de ponta oferecia.

            Ao me deparar com as facilidades dos dias de hoje, invariavelmente me lembro daquele tempo em que eu, estudante de "computação", vibrava com os tais cartões perfurados e com a minha "formação" em linguagens como "Basic" e "Cobol".

Hoje, deitados no berço do conforto e das facilidades que a tecnologia nos trouxe, por vezes nos esquecemos que algumas práticas trouxeram sérios problemas também. Durante anos, muita gente sofreu com problemas de coluna e de visão. Os vícios posturais e os malefícios dos antigos monitores CRT fizeram muitas vítimas.

Atualmente parece que os grandes vilões são os chamados ipods ou mp3 players. De acordo com o Comitê Científico para riscos de saúde emergentes e recentemente identificados da Comissão Européia, o risco iminente de surdez para os usuários desse tipo de equipamento é enorme.

Pesquisas dão conta de que quase 10% dos usuários que escutam músicas em alto volume através destes aparelhos, podem perder definitivamente a audição, se o fizerem por mais de cinco anos. Para os estudiosos da matéria, estamos diante de uma possibilidade até então impensada: os adolescentes desta geração estarão surdos antes mesmo que seus pais.

Mas talvez, o que mais me preocupe nesses tempos de vida on line, seja o vício por tecnologia, ou o pior, a dependência da vida virtual. São milhares de pessoas que simplesmente não conseguem parar de acessar suas caixas postais a todo instante para ver se alguém mandou um recado, ou simplesmente preferem as relações virtuais em detrimento do convívio social real.

Costumo dizer a amigos, que muita gente trocou o "beijo na boca" pela tendinite, mas talvez o pior disso tudo seja perceber que não me lembro de quando pela última vez vi uma carta ser escrita à mão.

Enfim, no embalo entre o que é passado e o que é presente, os remanescentes do Queen chegam ao nosso país trazendo ao microfone, o lendário vocalista Paul Rodgers (Free/Bad Company). Um som de primeira vindo do passado. Mas acho melhor eu comprar os ingressos pela internet, porque esse negócio de bilheteria me dá uma preguiiiiiiiiça...

Artigo: " 3.0: Reflexões sobre a Web Semântica "

           O usuário comum ainda não conseguiu digerir o que é essa tal de Internet 2.0.

A compreensão da rede nos padrões atuais, centrada na indexação e focada em mecanismos de busca, sites de colaboração e de relacionamento social, ainda é algo distante para a maioria dos mortais.

            Todavia uma nova revolução vem sendo desenhada nos últimos dois anos. Esse novo capítulo do universo interligado é identificado como a Web Semântica, ou para outros, Web 3.0.

            Tendo a indexação como uma realidade irreversível, a Web Semântica pretende atribuir e perceber "sentidos" aos conteúdos lançados na rede mundial, de maneira que estes sejam tangíveis tanto para computadores quanto para seres humanos.

            Esta nova realidade foi assim denominada pela primeira vez pelo jornalista norte-americano John Markoff, em um artigo publicado no New York Times. Ele identificava a primeira geração da internet (1.0) como o período da própria implantação e disseminação da rede.O período atual, marcado por marcas como Google, Orkut, YouTube e Wikipedia, é o denominado como a era da Web 2.0. Segundo Markoff, a Web 3.0 estará dirigida muito mais às estruturas de sites e blogs do que aos usuários em si.

            Ainda segundo ele, o termo World Wide Web (www = Rede Mundial) deixaria de existir, sendo substituído pelo termo World Wide Database (base de dados mundial). Isso quer dizer, um universo de dados em vez de um universo de documentos como é hoje.

            Para o especialista em Web, Fábio Caruso, a partir dos bilhões de documentos que formam a World Wide Web e dos links que os ligam, os gênios computação buscarão novas formas de mineração de inteligência humana:

- A meta deles será adicionar uma camada de significado sobre a internet existente, o que a tornaria menos um catálogo e mais um guia – afirma.

             Um olhar mais atento nos permite dizer que a Web semântica poderá mudar totalmente a forma como buscadores como o Google funcionam atualmente. Em breve eles poderão dar respostas, como se fosse um bom amigo e conselheiro, respondendo perguntas de maneira muito eficiente e analisando dados. Terão capacidade dedutiva e até intuitiva,

            As pesquisas e o desenvolvimento dos produtos/programas estão no seu período gestacional, mas todo esse processo – baseado na idéia de Tim Berners-Lee, pai do HTML e da WWW – deve estar "palpável" em cerca de pouco mais de cinco anos.

            Organizar e usufruir de maneira inteligente de todo o conteúdo disponível na internet, é o principal foco dessa próxima revolução, que quer evitar que em poucos anos esse oceano de informações se tornem uma bagunça sem solução.

            No Brasil, uma empresa chamada Cortex Intelligence, já desenvolve uma tecnologia de Web 3.0, que se propõe a muito mais do que simplesmente compreender os textos que lê, mas também a descobrir associações complexas entre os diversos elementos de um texto e perceber o sentido que estes possuem enquanto conjunto.

            Será então que estaremos diante de indícios de uma verdadeira inteligência artificial?


quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Geração Y: Eles já estão entre nós!

Você acha que o mercado de trabalho mudou?
Acredita que as empresas mudaram suas estratégias internas e externas ante ao universo super competitivo que vislumbramos pela janela?
É caro amigo leitor, tenho uma notícia no mínimo inquietante: Você ainda não viu nada!
A grande mudança começa a ser delineada agora, quando a chamada "Geração Y" chega ao mercado de trabalho, e promete chacoalhar o "Status Quo" estabelecido.
Essa turma nascida a partir de 1978, vai suceder as chamadas "Geração Baby-Boomers" (geração pós-guerra) e "Geração X" (que abarca os nascidos entre 1962 e 1977).
Eles nasceram sob a égide das facilidades da tecnologia, são caracterizados pelo desejo de mudança e principalmente por fazerem alarde sob suas expectativas, crenças e buscas.
Porém, uma das marcas dessa turma é a de que não possuem o tradicional desejo de permanecer por muito tempo em um emprego ou até mesmo numa carreira.
Adeptos da execução de tarefas múltiplas, eles são muito atraídos pela idéia do "Home Office" e das escalas de trabalho mais flexíveis, e não é incomum vê-los em escritórios de chinelos e exibindo suas tatuagens, o que tem gerado alguns conflitos em empresas que observam rígidas regras de vestimenta.
Eles também andam protagonizando algumas "turbulências" no que tange ao estilo de gerenciamento. Diante da velha forma de revisões anuais por exemplo, eles tendem a se sentirem "perdidos", pois cresceram dentro de uma realidade de constante feedback, sejam por parte de seus pais ou de seus professores.
Mesmo sendo apontados por alguns como os atuais "experimentadores de tensão" do ambiente de trabalho, a realidade é que a "Geração Y" estará, já na próxima década, assumindo os cargos de maior importância nas grandes corporações.
Para Don Tapscott, diretor da New Paradigm, algumas empresas já enfrentam dificuldades para conciliar suas necessidades com as desses jovens:
- Esta geração nasceu em bits e está completamente confortável com a tecnologia. Eles querem o estado da arte da tecnologia e de ferramentas de colaboração, tais como wikis e mensagens instantâneas, que os ajudam para trabalhar. Esses jovens pensam e se relacionam de forma diferente, e estão dispostos a trabalhar em um ambiente de constantes mudanças - afirmou em recente entrevista à IWB Net.
No entanto vale ressaltar que - em que pese a sua vocação para o questionamento das velhas formas de gestão, essa turma estará em pouco tempo, contribuindo de maneira inequívoca para construção de um ambiente de trabalho e de gestão mais eficientes e dinâmicos.
Atraí-los, liderá-los e mantê-los motivados, parece ser o grande desafio das empresas, e assim como a "Geração Y", os filhos do pós-guerra terão uma participação fundamental e histórica nessa mudança.
Seremos então, expectadores privilegiados de um dos mais fascinantes rituais de "passagem de bastão" dos últimos tempos.
O mais excitante de tudo isso, é não termos a menor idéia do que vai acontecer quando a letra "Z" entrar em ação.

(Extraído da coluna do autor no site da agencia de comunicação RedCafé - "www.redcafe.com.br")
Anderson Julio Lobone

Bruma

Outra manhã.
E como em tantas outras...
café, pão e preguiça.

Bruma leve na janela
e em mim.

De um Zepelim dourado
escuto a canção da chuva
e me reparto em risos
ao te ver vagando em mim.

Sorriso de menina...
gestos de mulher...
e eu aqui, poeta.

Um outro sonho...
Um outro porto...
Um outro vento...

E uma estranha
e doce esperança
de te ver voltar...

...para então pintar
janelas abertas...
horizontes de mim,
com pinceladas
de bruma e poesia.

Anderson Julio Lobone

Liso e Eloá: E a paixão Amanhã?

Em tempos de consternação, um olhar cândido sobre o exercício de amar pode parecer um despropósito. Mas diante de um folhetim tão contundente, servido em conta gotas pela mídia e degustado tão avidamente por cada um de nós, restou-me apenas uma reflexão quanto aos sentimentos humanos.
O desfecho trágico e a impressionante dislexia da sociedade como um todo, são - via de regra – motivos para discussões sobre "o porquê de a policia ter entrado no apartamento" ou de "como uma menina de doze anos poderia namorar alguém tão mais velho".
No entanto, distante de qualquer caretice ou pressuposto do que é certo ou errado nestes casos, o que mais me intrigou foi o comentário de um psicólogo paulistano que ao ser perguntado como uma família pode evitar uma tragédia destas, respondeu:
- "É preciso ter um diálogo aberto com os filhos e tentar entender o que se passa na cabeça deles" – afirmou.
Mas ora bolas, será mesmo que tragédias como estas são frutos da falta de diálogo entre pais e filhos? Cabe em algum de nós a idéia de que existe alguma razão quando os adolescentes se apaixonam?
A natureza humana é repleta de cômodos impenetráveis, de onde brotam os sentimentos mais estranhos. Como diz um amigo meu, é necessário que a cada dia estejamos vigilantes para que não deixemos se abrir as portas dos nossos "porões escuros".
Hoje, enquanto tomava um café numa padaria na Barra da Tijuca, ouvi um comentário de uma das balconistas que me fez pensar. Ela acreditava que sua irmã mais nova estava submissa às vontades de seu namorado, quinze anos mais velho. E disse, contrariada, que há tempos a família luta para fim daquele relacionamento.
Imediatamente me veio à lembrança, a mini-série "Quem ama não mata", exibida na Rede Globo em meados dos anos oitenta.
Uma discussão infinda tomou conta de bares, repartições, varandas e calçadas (Naqueles tempos as famílias se reuniam nas calçadas). A pergunta era: É possível se matar por amor? Essa foi a tônica de muitas conversas de esquina naquela época, e creio que agora esse seja o tema de 9 entre 10 conversas.
Estes tipos de tragédia acabam por causar muito mais que consternação e dor. São sucedidas de muito medo e censura, e com isso alguns pais amanhecerão supostamente "mais atentos" aos universos que cercam suas proles.
Contudo vale uma reflexão àqueles que como eu, assistem seus rebentos se aproximarem da primavera das paixões. Evitemos cercear essa experiência única que é se apaixonar. Não neguemos aos nossos filhos, esses deliciosos devaneios dos quais somos acometidos desde as eras mais inocentes de nossas vidas.
Ao invés da repressão, precisamos por em prática o diálogo amoroso. Em detrimento da censura de sonhos, é imperativo que nos debrucemos sobre a verdade que agora volta à tona: Quem ama, não mata. Quem mata, é o egoísmo e a vaidade.
Portanto, que tenhamos o cuidado de não tornarmos o amanhã, um terreno difícil para a descoberta dos sentimentos e dos desejos.Diante das tragédias e mazelas do mundo, acho que os nossos melhores antídotos ainda são o amor e a paixão. Quero terminar esse artigo, com um trecho de uma conversa que tive com um dos meus maiores ídolos - o poeta amazonense Thiago de Mello.
"Em um dia qualquer da minha adolescência, uma menina beijou-me a boca. E foi assim, que pela primeira vez, percebi as estrelas e a lua..."

(Extraído da coluna do autor no site da agencia de comunicação RedCafé - "www.redcafe.com.br") Anderson Julio Lobone

Viver de Escrever? Como assim?

Viver de escrever? Como assim?
Dia desses fui convidado para participar de um ciclo de palestras em uma feira literária organizada pela PUC aqui no Rio de Janeiro.
Durante os debates, ouvi a opinião de gente abalizada, como a crítica literária Beatriz Resende, a poeta e tradutora Olga Savari, além de minha querida amiga e poeta Priscila "Pit" Andrade, entre outros escrevinhadores famosos ou não.
Um dos temas debatidos era como os blogs, sites colaborativos e outros suportes interferiam na produção literária e como está escrevendo a geração de escritores que utiliza a internet como a principal ferramenta de publicação.
Deu-se então, um excitante paradoxo. De um lado, Olga Savari - cultuada e experiente escritora que traduziu obras de Garcia Lorca e Pablo Neruda – que afirmou não possuir telefone celular (ai que inveja...), e muito menos computador. E mais. Mesmo tendo seu nome presente em mais de 10 mil sites na web, nunca havia escrito uma linha sequer para publicação on line.  Do outro lado, a jovem e bela Alice Sant'Anna que  iniciou sua caminhada poética no mundo virtual e chegou a pouco ao seu primeiro livro – "Dobraduras", pela Sette Letras – e que afirmou que por muitas vezes se flagra adequando o "tamanho do texto" para publicá-los no mundo virtual.
Em uma das minhas intervenções, afirmei que não era partidário da lapidação de meus rabiscos por conta das características do leitor virtual. De fato prefiro perder a atenção de alguns leitores do que me obrigar a usar uma fita métrica na minha inspiração. Disse ainda que considerava o uso dos suportes (sites de literatura, blogs, redes sociais) apenas como um mecanismo de divulgação.
De fato, seja entre meus colegas de ofício poético ou entre meus clientes de consultoria editorial, não conheço nenhum escritor que não almeje chegar ao livro impresso. Mesmo entre aqueles de reconhecido talento e responsáveis por blogs de grande sucesso, não há um só escritor que prefira manter suas obras unicamente no campo virtual.
Afirmei ali, que mesmo reconhecendo que a internet foi fundamental para a disseminação do meu trabalho, acho que estas paragens virtuais jamais substituirão o desejo dos autores quanto aos livros,
Os debates se seguiram com assuntos diversos, entre eles, uma discussão sobre a existência ou não de uma "vanguarda literária". Mesmo reconhecendo a importância de movimentos como a "Semana de Arte Moderna de 22" e a "Poesia Concreta", eu sempre fui reticente aos movimentos vanguardistas na literatura, afinal aquela idéia mítica de "incendiar bibliotecas" e negar tudo o que já havia sido escrito sempre me pareceu uma grande bobagem.
Fiquei a pensar nesse meu intrínseco universo particular de escritor e concordei com a linha de pensamento da crítica literária Beatriz Resende que afirmou não haver no presente, espaço para um outro movimento de Vanguarda. Convenhamos, a atual cena literária é um retrato mais que fiel das inquietações que se derramam sobre as nossas cabeças. Afinal hoje, cada um de nós - escritores, busca de maneira desesperada cumprir essa dificílima tarefa de compreender e viver esse presente, de literatura fragmentada e em que o futurismo definitivamente saiu de moda.
Em meio ao frio e aos meus devaneios quanto aos assuntos discutidos, saí da PUC em direção ao calor de minha casa. Pensei em cada um dos autores presentes ao debate e em suas convicções sobre o ofício de escrever. Em meio a esses delírios, me perguntava se eu era muito diferente de todo mundo ou se eu era apenas mais um.
Nesse momento fui abordado por uma jovem estudante de jornalismo chamada Erika, que se dizia aficionada pelo meu trabalho poético. A conversa transitou por paisagens Drummonianas e Cecilianas e acabamos por sentar num bar da gávea para tomarmos um chopp.
Em determinado momento ela me questionou:
- E fazendo tantas coisas assim, como você ainda arruma tempo para trabalhar?
- Mas este é o meu trabalho. Eu vivo de escrever - respondi prendendo o riso.
- Viver de escrever? Como assim? – indagou incrédula.
- Escrevo meus livros. Escrevo para jornais. Escrevo para agencias de publicidade. Presto consultoria editorial.., enfim escrevo! – respondi quase entediado.
Os olhos de Erika me fitaram em silêncio por um longo tempo.
- Será que a pergunta não seria outra? Acho que você quer saber se eu fiquei rico – provoquei sem dó nem pena.
- Ah, isso eu sei que é impossível. A não ser que você também seja um mago – devolveu.
- Quem sabe Erika? Quem sabe? – divaguei.
- Ah...se for, por favor, me contrate para ser sua funcionária bem remunerada – disse sorrindo.
- Mas contratá-la como o que? Assistente de magia? – perguntei.
- Não, para escrever os releases dos seus livros – respondeu.
- Ué... Você quer viver de escrever? Como assim? – devolvi.
Anderson Julio Lobone

Liberdade é uma calça velha...

A semana passou como um vento minuano. Indomável. Ligeiro. Frio. Cortante...
Pelo vidro molhado da janela do carro avistei pessoas encolhidas sob os pontos de ônibus e pensei em como seria bom ter ficado em casa sob as cobertas... quentinho.
Levantar para que? Se ainda fosse para fazer um chocolate quente.
Mas não, a vida real havia me intimado, e assim eu seguia resmungando rumo àquela academia maldita que me aguardava com o seu desfile de brutamontes nada poéticos e de deusas insatisfeitas com suas formas generosas e lapidadas à suor.
Acordar cedo? Sentir frio? Academia? Gente esquisita? Céus, o que estou vivendo?
Ah, que saudade dos tempos em que eu achava que era hippie. Com meus chinelões de couro e cabelos nos ombros eu vagava por aí com meu violão e meus rabiscos. Cantava para a lua, versava para as moças e tocava canções que já esqueci.
Mas estas cachaças que atendem pelo nome de jornalismo e publicidade me atiraram no mundo dos normais.
Meus pés, antes timoneiros dos meus dias, agora fazem concessões e seguem pelo mundo a bordo de coloridos All Stars. E meu violão, velho cúmplice? Ah, aquele amigo anda esquecido e órfão de minha voz - sua inseparável companheira de outrora - com quem dividia canções como "Simple Man" (Lynyrd Synyrd) e "Ando Meio Desligado" (Mutantes). Hoje, ele presta seus serviços aos Jingles e às canções sob encomenda.
Chego à academia tremendo de frio e me deparo com a cena bizarra de um grupo de rapazes se atirando na piscina e felizes da vida por começarem a fazer os seus 1500 metros diários.
Senti uma enorme saudade dos banhos pelado no chafariz do primeiro Rock'n'Rio.
Ainda encolhido, sigo para o vestiário e encontro com aquela figura nefasta que atende pela alcunha de personal training:
- Vamos lá rapaz. Animação. Hoje vamos arrebentar! – vocifera o maníaco.
Ao castigar meus bíceps e tríceps, vejo uma mulher ruiva absolutamente perfeita. Sem nada para tirar nem pôr. Algo como um padrão Quitéria Chagas de perfeição (Tá bom, tá bom, eu sou suspeito para falar dessa minha eterna musa morena). Mas a ruiva era absolutamente linda. E no equipamento ao lado, ela resmungava com uma amiga:
- Eu tô malhando duas horas por dia, e há dias que eu como só frutas. Eu tenho que secar. Tenho que secar... Tenho que conseguir aquele trabalho – confessou a louca.
Cantei alto para ela ouvir: "Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós..."
De volta ao vestiário, percebo que quase todos os outros "masoquistas" da academia, após o banho, vestem seus ternos e colocam suas gravatas apertadas. Seguirão para suas rotinas de estresse e briga com o tempo. Calço meu All Star verde como que fosse um símbolo da minha liberdade. Lembro que o Nando Reis gostava do all star azul da Cássia Eller...
Tenho que trabalhar. Acho que a sexta feira não vai acabar nunca mais... Lembro do meu edredom, e do chocolate quente, que não tomei. Será mesmo que eu sou livre?
Vou para a agência e encontro meu amigo André Dessandes, ainda sob o efeito de sua recente passagem por Florianópolis, onde segundo ele, as pessoas ainda são donas do seu tempo e preservam sua liberdade.
Aí me pergunto: Qual é a real imagem da liberdade? Liberdade e imagem combinam ou se contradizem? Se adequar a uma imagem, é se abster da liberdade?
Como por encanto, me lembro daquele velho jingle de uma calça jeans que dizia tudo: "Liberdade é uma calça velha, azul e desbotada, que você pode usar do jeito que quiser..."

(Extraído da coluna do autor no site da agencia de comunicação RedCafé - "www.redcafe.com.br")
Anderson Julio Lobone

Uma outra comunicação

Em um tempo longínquo perdido em meio ao pó das lembranças e da memória celular, a comunicação era feita "de alguém para alguém". Depois de "alguém para muitos". E hoje, assistimos em nossos confortáveis Home Offices a comunicação se realizando de "todo mundo para todo mundo".
A velocidade em que tecnologia redireciona as relações e os costumes parece não ser mensurável e a adequação a esta nova realidade tem sido um tormento em todas as áreas da comunicação.
Penso em como os artistas gerenciavam suas carreiras antigamente. Havia a necessidade das presenças providenciais e/ou nefastas do empresário, do divulgador, do agenciador, etc. Já no tempo da música digital, o artista pode gravar seu trabalho em seu computador e divulgá-lo em seu próprio web site, onde também pode oferecer e divulgar shows, interagir com seus fãs e disponibilizar conteúdo diverso.
No jornalismo não foi diferente. Os sites dos canais de comunicação e os milhões blogs disputam segundo por segundo, a exclusividade dos acontecimentos pelo mundo inteiro. E hoje, já vamos para casa sabendo quase toda a pauta do Jornal Nacional. Então fica no ar a pergunta: Até quando ainda assistiremos aos telejornais?
Na publicidade o panorama é ainda mais devastador. O que fazer diante do crescimento inexorável da chamada Geração "Y" (falaremos deles em outra coluna), que acha "um saco" essa coisa de ver TV? Esses novos consumidores não se importam em perder a novela ou o telejornal. Sabem que tanto as notícias como o último capítulo da trama popular estarão na web. Esses "nativos digitais" têm no universo da internet uma parte de sua realidade, assim como a escola, o restaurante ou o clube da esquina. Isso obriga as empresas a estabelecer um novo planejamento para a divulgação de suas marcas. Afinal, quem é este consumidor que está atrás do seu balcão?
Na literatura, um verdadeiro exercito de poetas "sem livros" começa a fazer fama nas orbes virtuais, deixando no passado a interminável odisséia de visita às editoras. E para os que como eu, ainda publicam livros de papel, fica reservada a agradável surpresa de ver seus trabalhos serem comercializados em mais de 80%, apenas nas prateleiras digitais.
No universo corporativo, por conta da busca de resultados, a mudança se fez a "fórceps". Apesar disso, em algumas empresas a implementação da chamada "Comunicação Horizontal" ainda esbarra em gestões centralizadoras.Alguns dirigentes "desconectados" não acordaram para o fato de que a construção e a sistematização da comunicação corporativa otimiza resultados, pelo simples fato de disseminar conhecimento.
Enfim, se diante de mudanças tão constantes e tão aceleradas, assistimos boquiabertos a comunicação se materializar em formas tão distintas em seus mais diversos campos, só nos resta a certeza que em breve o "e-mail" será coisa do passado.
E você e sua marca, onde estarão em meio a tudo isso?
Hasta la vista, baby!



(Extraído da coluna do autor no site da agencia de comunicação RedCafé - "www.redcafe.com.br")

Admiravel Mundo Verde

Começar a coluna falando de negócios? Desenvolvimento? Internet? Não. Não resisti a mais essa chance de quebrar o protocolo.
Vou falar de amor e ódio...
...e eis que nessa manhã cinzenta, cumpri uma promessa feita e refeita nos últimos anos, e que até ontem me colocava na lista dos auto-inadimplentes.
Levei meu corpitcho para a academia.
Logo de cara fui apresentado a duas figuras nefastas que provavelmente atormentarão minha vida nos próximos meses: a esteira e a bicicleta ergométrica. Depois de mais de 40 minutos andando tal qual um dromedário desorientado, me dei conta de que o dia seria longo, e só relaxei ao perceber que, apesar de todo esse esforço hercúleo a que estarei condenado, haverá uma recompensa à altura. O desfile de semideusas pelo salão me fez acreditar que o supino, a rosca direta e o extensor serão mero coadjuvantes nessa jornada.
Ao meu lado, um amigo de trabalho afeito à morbidez se manifestou de maneira cruel e insensível:
- Vamos lá, não para não rapaz. Tem que sofrer - vociferou de sua esteira em altíssima velocidade.
Como que não tivesse escutado o seu comentário ultra-masoquista, fixei-me na imagem da morena a minha frente, que além de espalhar graça e sensualidade, mostrava que o corpo humano é realmente uma máquina impressionante.
Em seus exercícios de alongamento ela colocava seu calcanhar no pescoço dando a impressão que nunca mais desataria aquele nó.
Em meio a dores e incômodos próprios de quem é submetido a este tipo de sessão de tortura, segui para a agência tentando me esquecer das orientações quanto ao consumo de rúcula e barra de cereais.
Correria para implantação de projetos.Telefone tocando sem parar.Stress estabelecido.
E é claro que a última coisa que eu penso é no alface.
Mas... ao ligar o computador, recebo o e-mail de uma leitora que pergunta onde comprar meu último livro. E mais. Me diz que, caso eu retorne a Brasília, ela faz questão de convidar-me a conhecer a sua mais que famosa Lazanha de Camarão.
Isso sim é um convite de uma pessoa que tem coração! Um brinde àqueles que promovem a alegria alheia!
Basta de médicos xiitas que querem me convencer dos benefícios da berinjela e de namoradas vaidosas que falam o tempo todo de gordura trans! Será que não basta o Dr Dráusio Varela para me atormentar todos os domingos?
Os anos de literatura e jornalismo me impingiram a rotina de viver sentado à frente de um computador e agora me cobram com juros e correção...
Pausa para pensar no que vou almoçar...
Trabalhando com comunicação, ao longo dos anos compreendi que a premissa de que a “Imagem é tudo” é imprescindível para fundamentar pessoas, marcas e iniciativas.
Então por via das dúvidas vou pedir beterraba, cenoura e couve flor para o almoço, e repousá-las em meio a um admirável mundo verde de alface e rúcula.
Afinal, a tal morena contorcionista não deve gostar de gorduchos, não é mesmo?

(Extraído da coluna do autor no site da agencia de comunicação RedCafé - "www.redcafe.com.br")
Anderson Julio Lobone

sábado, 23 de agosto de 2008

Algemas


Rasguei as ruas
sem saber
se era de mim ou de você
que eu corria,
que eu fugia,
que eu morria
em cada esquina,
em cada curva,
em cada olhar
sem direção.

Morri de medo
de cada sonho,
de cada verso
que em mim disperso
como as verdades
de outros tempos
rugiam alto
em meus ouvidos
tal qual lembrança
de anos idos.

Sangrei sozinho
em cada noite
no calabouço
estreito e frio
do medo senil.
Preso em algemas
de lírios brancos,
de sonhos doces
e de promessas
que não existem
no amanhã.

Ah... me deixe ir...
Ah... com meus espinhos...
Ah... me deixe ir...
Ah... para outros ninhos...

domingo, 10 de agosto de 2008

As verdades de um Pai

Dia desses eu observava meu filho de quase três anos pelo vidro da porta da varanda. Entretido com o seu caminhão colorido, ele dizia que estava levando o “material para uma obra” pois iam construir uma casa grande, para que todos fossemos morar lá.
Imediatamente meu pensamento deu um salto para o começo dos anos 70 no Rio de Janeiro, quando ainda na companhia de meu pai, eu tentava decifrar as coisas do mundo dos adultos, e procurava me comportar bem diante do severidade de “Seu Alípio” .
Lembro que eu tinha três momentos favoritos com meu velho pai: Visitar a quadra da Portela, comer pastel no Mercadão Madureira, e mais tarde, ver no Maracanã, um tal de Zico que começava a mostrar toda a sua genialidade nas tardes de domingo.
Lembro também que ele sempre dizia que era preciso respeitar os mais velhos, que as drogas faziam mal para a saúde, e que era necessário preservar as amizades, e trabalhar para se dar o devido valor ao dinheiro.
Outras “verdades” daqueles tempos foram por água abaixo: Quem manda na casa é o homem, mulher não sabe dirigir, e principalmente a que diz que “homem não chora” (essa eu nunca aprendi mesmo!)
No início dos anos 80, aos 44 anos, seu Alípio foi para o andar de cima, vítima de uma das verdades que ele sabia, mas que da qual era refém: “O cigarro faz mal!”
As verdades de um Pai, certas ou não, são as ferramentas que eles oferecem aos seus filhos para que eles comecem a construção de seus valores individuais: Caráter, ideologia, conduta, respeito ao próximo, e outros valores, que ao longo do tempo serão lapidados com as ferramentas que os próprios filhos escolherem, cada um a sua maneira.
O pai do melhor aluno da classe, o pai do mais cruel assassino, o pai do mais bem sucedido empresário, o pai do mais carente dos sem teto, o pai do mais convicto ateu, o pai do mais ferrenho religioso, o pai do mais talentoso, o pai do mais perverso, o pai do mais desprezível político, e muitos outros pais, todos sem exceção, são portadores das dores e alegrias vindas das condutas de seus filhos, somadas aos sentimentos de fracasso ou de triunfo na arte de ser pai.
Nestes tempos em que as famílias são, inexplicavelmente colocadas em segundo plano por quem tem como prioridade o dinheiro, a fama e o poder político, penso muito em como fazer para que meu filho esteja protegido das mazelas do mundo, sem que eu tire dele a liberdade, o aprendizado natural e a alegria das descobertas.
Talvez a única ferramenta para enfrentar estes tempos seja a de ensiná-lo a “olhar nos olhos”, a ter um aperto de mão firme, a não perder a esperança, a não desistir dos sonhos, a compreender as diferenças, a entender que só o amor constrói, que só a união faz a força, que só a verdade liberta e que a família é o nosso porto seguro, sempre, haja o que houver.
Com a chegada do Dia dos Pais, deixo um grande abraço a todos que como eu, acordam e dormem pensando em como fazer deste mundo louco um lugar melhor para seus filhos.
Que sejamos felizes nessa empreitada!

(Artigo publicado no Jornal Tribuna do Paraná/Curitiba/PR em 02/08/05)

terça-feira, 20 de maio de 2008

A Última Lua

No mosaico do céu
o pedaço mais brilhante
era teu.

Cheia, nova... toda tua
era o enfeite mais perfeito
do quadro pintado na janela.

Pois quando te encontrei,
ela se jogou lá do alto
e teus passos no asfalto
viraram festa, vida nova.

Ah... a lua era a prova
cabal e palpável
do universo que brinca,
ao conspirar senil
por mim...por ti...

E na noite derradeira
que anunciava o fim...
pobre de mim...

Deitado na rede
e envolto na sêde
de te ter ali.

Soube que a lua
já não viria
e que ela brilharia
para um outro alguém
que nem tem
a saudade crescente
e que agora...
é minguante...

De volta à rua...
depois o eclipse
da última lua.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Poema de Fim de Verão

Quando eu sair outra vez

A voar em busca de um verão,

vou levar fragmentos dos dias

de risos, de sonhos e de querer.

Haverei de ir mais longe...

como a que buscar

uma lembrança...

ou a suplicar bonança

em forma de calor.

 

Minhas asas de cera e poesia,

abertas ao despencar do dia.

se recolherão, e...

como num abraço de irmão

me protegerão da saudade.

 

Nas rotas mais improváveis

rasgarei o azul anil,

e de encontro aos ventos

estarei a te guardar alí...

Na linha do horizonte

que me divide minha alma

em duas metades

tão desiguais

e tão sem você.



(Poema e Fotografia extraída do Projeto "O Monóculo" de Robson Bolsono e Anderson Julio Lobone -  http://omonoculo.blogspot.com )

Humor e Incorreção Política

Estes dias recebi um convite para visitar o BLOG DO IMORAL.
Ao entrar no endereço me deparei com postagens despudoradas e com um humor
que me lembrou os primórdios do Jornal Planeta Diário, o célebre folhetim que originou o "Casseta e Planeta"...
Um bando de loucos desocupados à serviço da pertubação alheia!

 Vale a pena conferir!

http://blogdoimoral.blogspot.com
 

As Mãos

Não quero te ver sem saída.
Não quero ver tua palidez.
Não quero ser a tua ferida.
Nem sentir passar a vez.

Conheço tua dor aqui
na palma da mão,
no frio do chão
e nas entranhas do medo.

Teu sorriso em compasso...
Tua vida saindo do laço...
Tua alma liberta do tempo...
O teu canto solto no vento...

Abre os braços agora...
Cante a canção perdida...
Me abrace noite afora
na pele adormecida...

Te dou minhas mãos
Moldadas em poesia...
Aquecidas pelo tempo
E guardadas na magia.