segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Novo endereço do BLOG

Amigos,
meu novo blog agora está junto ao meu site em forma de diário...

É só chegar e ficar a vontade...

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Um abraço e Feliz 2009!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Conto: A casa da esquina

Quando o sol se debruçava sobre o parapeito das tardes de domingo, eu costumava sair e observar o movimento da rua onde eu morava. Fincada na esquina, havia uma casa grande. Do portão do meu velho sobrado era possível ver apenas o seu telhado. Quase nunca havia movimento ali. Vez por outra era que se ouvia uma canção da Edith Piaf vinda lá de dentro. A vizinhança comentava que os moradores eram um general aposentado e a sua governanta, companheira desde que a esposa dele apareceu morta no jardim. Dizem as más línguas que a professora teria sido envenenada. E que o militar teria deixado em testamento tudo o que tinha para  sua governanta.

Naquelas tardes, um carro branco estacionava em frente à casa misteriosa e uma bela jovem - com seus vinte e poucos anos - trazia várias sacolas de supermercado cheias. Ela não ficava ali mais do que duas horas e ao sair, trazia outras tantas sacolas. Imaginava-se ser uma filha ou sobrinha do militar. Talvez trouxesse compras. Ou levasse e trouxesse roupas. Ou tudo isso. Ou nada disso. Enfim, só mistério.

Em cada visita da jovem, um novo alvoroço nos portões da rua. Acho que todos esperavam por algum acontecimento que diferenciasse aquela rotina dominical. Povo fofoqueiro aquele.

Confesso que minha curiosidade também era aguçada a cada vez que eu ouvia “Non, je ne regrette rien”. Quem seria afinal o homem que amava uma das minhas cantoras favoritas? Sentiria ele muita falta de sua falecida esposa? Teria ele um romance com sua governanta? Seria eu um fofoqueiro também?

As interrogações de toda a minha rua seguiam em mais um daqueles domingos avermelhados pelo outono, quando escutei um antigo samba de Roberto Ribeiro que dizia: “Está faltando alguma coisa em mim. E é você amor tenho certeza sim.”

Percebi que a música vinha da rua. Curioso busquei sua fonte. Ao chegar ao portão notei que o reduto da diva francesa havia se rendido ao sambista carioca. Achei estranho, pois mesmo com outra trilha sonora, não havia movimento na casa. Nem mesmo a jovem do carro branco apareceu.

De repente, pouco antes do sol pousar lá atrás da serra, o portão da casa se abriu. O velho general se arrastava pelo chão com dificuldade. Todos correram para socorrê-lo. Ele balbuciava algo que denunciava sua falta de ar. Em segundos, desfaleceu.

Um médico que morava nas proximidades foi chamado. Constatou que o vizinho misterioso já habitaria outras orbes.

Corpo sem reação. Casa sem som.

A polícia chega. Ninguém sabia dizer nada. A governanta não está.

Outras semanas passam. Outros domingos amanhecem.

Agora na casa da esquina vivem a governanta, a jovem do carro branco e uma estranha história que nenhum dos fofoqueiros da minha rua suspeitaria.

Na sala, o aroma do incenso de alfazema se mistura com o cheiro da carne assada vindo da cozinha.

A música é jovem e romântica.

Sob a grama do jardim, restos de veneno.

Na suíte, indícios de romance e culpa.

 

Artigo: " Entre o desbunde e o caos da vida digital "

Não consigo esquecer aquele Janeiro de 1985. Se não bastasse a ansiedade das gravações de uma "demotape" da banda na qual eu "pilotava" as baquetas, ainda havia toda a expectativa das dez noites de sonho do primeiro "Rock in Rio" que mudariam para sempre a vida de uma geração inteira.

            A banda em que eu tocava – do qual o nome já nem lembro – era absolutamente influenciada pelo som do Queen, e tanto eu quanto meus companheiros de barulho estávamos aflitos pela chegada das primeiras sessões de gravação de nossas vidas.

            Naquele tempo, um simples erro, uma perda de andamento ou uma "desafinada" comprometiam toda uma seqüencia (takes) e ainda era sinal de perda de dinheiro. Naquela época não haviam as facilidades de hoje, em que debruçados sobre "Pró-Tools", "Áudio Logics" e "Auto-Tunes" da vida, podemos corrigir em segundos, lambanças fenomenais e transformar em cantor ou músico, aquelas  criaturas sem a menor noção de afinação ou ritmo.

            O mesmo se aplicava a produção de shows. No primeiro "Rock in Rio" as catracas da entrada eram facilmente deixadas para trás. E quando isso era feito por um "comboio" de cabeludos alucinados, aí além das roletas eram arrastados também, os bilheteiros e os seguranças. Lá dentro, a iluminação de "última geração" inebriava até mesmo aos gringos, acostumados às grandes produções. Aquilo era o máximo que a tecnologia de ponta oferecia.

            Ao me deparar com as facilidades dos dias de hoje, invariavelmente me lembro daquele tempo em que eu, estudante de "computação", vibrava com os tais cartões perfurados e com a minha "formação" em linguagens como "Basic" e "Cobol".

Hoje, deitados no berço do conforto e das facilidades que a tecnologia nos trouxe, por vezes nos esquecemos que algumas práticas trouxeram sérios problemas também. Durante anos, muita gente sofreu com problemas de coluna e de visão. Os vícios posturais e os malefícios dos antigos monitores CRT fizeram muitas vítimas.

Atualmente parece que os grandes vilões são os chamados ipods ou mp3 players. De acordo com o Comitê Científico para riscos de saúde emergentes e recentemente identificados da Comissão Européia, o risco iminente de surdez para os usuários desse tipo de equipamento é enorme.

Pesquisas dão conta de que quase 10% dos usuários que escutam músicas em alto volume através destes aparelhos, podem perder definitivamente a audição, se o fizerem por mais de cinco anos. Para os estudiosos da matéria, estamos diante de uma possibilidade até então impensada: os adolescentes desta geração estarão surdos antes mesmo que seus pais.

Mas talvez, o que mais me preocupe nesses tempos de vida on line, seja o vício por tecnologia, ou o pior, a dependência da vida virtual. São milhares de pessoas que simplesmente não conseguem parar de acessar suas caixas postais a todo instante para ver se alguém mandou um recado, ou simplesmente preferem as relações virtuais em detrimento do convívio social real.

Costumo dizer a amigos, que muita gente trocou o "beijo na boca" pela tendinite, mas talvez o pior disso tudo seja perceber que não me lembro de quando pela última vez vi uma carta ser escrita à mão.

Enfim, no embalo entre o que é passado e o que é presente, os remanescentes do Queen chegam ao nosso país trazendo ao microfone, o lendário vocalista Paul Rodgers (Free/Bad Company). Um som de primeira vindo do passado. Mas acho melhor eu comprar os ingressos pela internet, porque esse negócio de bilheteria me dá uma preguiiiiiiiiça...

Artigo: " 3.0: Reflexões sobre a Web Semântica "

           O usuário comum ainda não conseguiu digerir o que é essa tal de Internet 2.0.

A compreensão da rede nos padrões atuais, centrada na indexação e focada em mecanismos de busca, sites de colaboração e de relacionamento social, ainda é algo distante para a maioria dos mortais.

            Todavia uma nova revolução vem sendo desenhada nos últimos dois anos. Esse novo capítulo do universo interligado é identificado como a Web Semântica, ou para outros, Web 3.0.

            Tendo a indexação como uma realidade irreversível, a Web Semântica pretende atribuir e perceber "sentidos" aos conteúdos lançados na rede mundial, de maneira que estes sejam tangíveis tanto para computadores quanto para seres humanos.

            Esta nova realidade foi assim denominada pela primeira vez pelo jornalista norte-americano John Markoff, em um artigo publicado no New York Times. Ele identificava a primeira geração da internet (1.0) como o período da própria implantação e disseminação da rede.O período atual, marcado por marcas como Google, Orkut, YouTube e Wikipedia, é o denominado como a era da Web 2.0. Segundo Markoff, a Web 3.0 estará dirigida muito mais às estruturas de sites e blogs do que aos usuários em si.

            Ainda segundo ele, o termo World Wide Web (www = Rede Mundial) deixaria de existir, sendo substituído pelo termo World Wide Database (base de dados mundial). Isso quer dizer, um universo de dados em vez de um universo de documentos como é hoje.

            Para o especialista em Web, Fábio Caruso, a partir dos bilhões de documentos que formam a World Wide Web e dos links que os ligam, os gênios computação buscarão novas formas de mineração de inteligência humana:

- A meta deles será adicionar uma camada de significado sobre a internet existente, o que a tornaria menos um catálogo e mais um guia – afirma.

             Um olhar mais atento nos permite dizer que a Web semântica poderá mudar totalmente a forma como buscadores como o Google funcionam atualmente. Em breve eles poderão dar respostas, como se fosse um bom amigo e conselheiro, respondendo perguntas de maneira muito eficiente e analisando dados. Terão capacidade dedutiva e até intuitiva,

            As pesquisas e o desenvolvimento dos produtos/programas estão no seu período gestacional, mas todo esse processo – baseado na idéia de Tim Berners-Lee, pai do HTML e da WWW – deve estar "palpável" em cerca de pouco mais de cinco anos.

            Organizar e usufruir de maneira inteligente de todo o conteúdo disponível na internet, é o principal foco dessa próxima revolução, que quer evitar que em poucos anos esse oceano de informações se tornem uma bagunça sem solução.

            No Brasil, uma empresa chamada Cortex Intelligence, já desenvolve uma tecnologia de Web 3.0, que se propõe a muito mais do que simplesmente compreender os textos que lê, mas também a descobrir associações complexas entre os diversos elementos de um texto e perceber o sentido que estes possuem enquanto conjunto.

            Será então que estaremos diante de indícios de uma verdadeira inteligência artificial?