quarta-feira, 27 de junho de 2007

O Poema (Anderson Julio Lobone)

Dia desses...
na pausa de todo o caos
e do meu viver concreto
li teu poema predileto.
No silêncio em revés
lembrei-me de teus pés
sob tua saia rodada...
E diante do nada
cerrei meu olhar.

Renúncia...
vício maldito!
Tornei mudo o meu grito
e no dito pelo não dito
sigo acorrentado...
Pelo pranto abafado...
e pela tua risada
até hoje calada...

Onde andas menina?
Diante dessa sina
do silêncio vil,
meu olhar quase senil
se refugia... absorto...
E ante ao poema morto
construo outras linhas...
que não são mais tuas
mas tampouco são minhas...

(Publicado em 27/06/2007)

quarta-feira, 13 de junho de 2007

O Tempo (Anderson Julio Lobone)

Tempo que vai...
Dá-me o sorriso pleno
pelas coisas que vivi,
pelos beijos úmidos
e abraços indeléveis.
Dá-me a alma mansa:
extrato fino dos dia
sem que dormi amado
e acordei sozinho.

Tempo de agora...
Desvende esse meu ritmo
que pulsa a cada manhã,
e me molda fraco ou forte
na busca de outro norte...
Me abrande cada conflito
nas minhas fugas sem fim...
Na dança de um novo rito...
No fogo que arde em mim.

Tempo que vem...
Orixá mais que perfeito.
Nas formas leves do vento,
diga-me o que há de ser feito,
soprando-me um acalento,
no hálito dessas manhãs,
nos sonhos do meu rebento,
e nessas luas tal qual divãs
por onde eu me desoriento.


(Publicado em 26/05/2007)