sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Poema: Delírio (Anderson Julio)

Ao te ver andar
naquela outra calçada,
minha vida descompassada,
louca e confusa
se atira do meio fio
e cruza
as avenidas...
os sentidos...
e as verdades malditas
de que já não me fitas.

Nem os apelos infindos
dessas tardes paulistanas
de venturas insanas,
não te convencem mais
de que vale a pena,
ou de que a vida em cena
não se repete agora,
quando você chora.

Ao te ver seguir
sem olhar pra trás,
eu grito contumaz,
e quase choro,
pela musa que adoro,
pela chance que imploro,
pelo derramar do leite,
e pelo deleite,
pelo martírio
em forma de delírio
que me faz...
te querer assim...
e ainda...
acreditar.


(Publicado em 20/10/2006)

sábado, 14 de outubro de 2006

Poema: Forma de Ilusão (Anderson Julio)

(Dedicada a Dudu Sanches e Sônia Klein)


Todo o movimento
Que faço a cada curva
Todo o sortimento
Que trago a cada hora
Todo o acalento
Que do nada evapora
Todo o sofrimento
Que faz a tarde turva

Toda a maresia
Que umedece a janela
Toda essa fobia
Que meu sorriso estanca
Toda a histeria
Que minha alma tranca
Toda a sinfonia
Que emudece essa cela

Nada vinga
Nada floresce
Nada é suficiente
Para que me olhes aqui

Nem a ginga
Nem a prece
Nem o meu ar demente
Me traz um pouco de ti

Beijos sem direção
Dias em convulsão
Todos na contramão
Um mundo chamado “vazio”

Noites com jeito sombrio
Sexo sem nenhum arrepio
Outro bule de café frio
E você em forma de ilusão.

(Dedicada a Dudu Sanches e Sônia Klein)


Publicado em 14/10/2006