sábado, 9 de dezembro de 2006

Thiago de Mello

Na adolescência tive a fantástica experiência de encontrar um dos meus maiores ídolos.
Frente a frente com Carlos Drummond de Andrade, ficava a me perguntar como aquele homem com jeito de bancário poderia escrever coisas tão fabulosas. E ainda tinha aquela história da pedra que estava no caminho. Foram momentos que eu não esqueci.
Ontem, eis que o destino me reservou uma outra emoção.
Quando cheguei pela manhã ao evento "Poesia Voa" no Circo Voador, eu sentia um frio no estômago. Sabia que finalmente eu encontraria um outro ídolo.
O evento realizado pelos grandes poetas Bruno Cattoni e Tavinho Paes, era parte das comemorações cariocas pelos 58 anos da Declaração dos Direitos Humanos.
Olhei o circo voador. Mesmo totalmente diferente do que era nos anos 80, ainda consegui me lembrar de momentos memoráveis que vivi ali, no palco e na plateia.
Num determinado momento Thiago de Mello chega.
Todo de branco... todo lindo... todo poesia.
Abraça parentes, amigos, fãs e numa primeira frase me diz:
- Me dê seu livro poeta, quero ver tua poesia.
- Só ano que vem poeta, o livro sai no ano que vem - respondi atônito.
Somos interrompidos por uma fã que diz ser uma emoção encontrar o "nosso poeta maior".
Thiago sorri e lhe pergunta:
- Já inventaram fita metrica para medir poetas? Como se mede poesia?Tem poeta menor?
Atende a todos com educação e atenção.
Vira-se para mim e diz:
- Pegue uma cadeira e sente-se aqui ao meu lado.
Obedeci, claro.
- Você também vai declamar seus poemas aqui hoje? - perguntou.
- Não, não, eu basicamente vim aqui por causa do senhor - respondi.
- O único senhor aqui é o senhor Jesus Cristo. Me chame de você porque nós somos é companheiros de ofício - reclamou.
Continuei obedecendo.
Falou que a sua "Barreirinha" ainda não afundou e nem foi queimada.
Contou sobre sua passagem por Cuba, e o que sentiu ao ver que o imperialismo americano não terá vez na ilha, mesmo após a partida de Fidel.
Depois, já no palco, declamou alguns de seus poemas, e encerrou sua apresentação, devidamente acompanhado ao piano pelo Duo Gismonte (formado pelas filhas de Egberto) declamando os "Estatutos do Homem".
Como a maioria ali, me emocionei e chorei muito.
Assistimos um trecho que um documentário sobre a amazônia, que tras declarações do poeta em seu recanto.
Ao fim, prometi-lhe enviar um e-mail contendo links dos meus escritos publicados na internet.
- Faça isso poeta, por favor... quero ler você... - respondeu antes de ir.

Que os Deuses da Floresta guardem por muito mais tempo este nosso poeta e pensador que segue pelo mundo todo de branco... todo lindo... todo poesia.

4 comentários:

Anônimo disse...

Fico a imaginar a cena por vc descrita...me dá um nó na garganta, é tão bom sentir essas emoções...
Bjos carinhosos

Anônimo disse...

Se não bastasse ser o poeta maravilhoso que és, ainda tens como referencia grandes deuses da poesia.
Parabens

Anônimo disse...

Salve a poesia de verdade...
Salve Drummond
Salve Mario de Andrade
Salve Thiago de Mello
Salve Anderson Julio

Anônimo disse...

Posso imaginar tua emoção meu poeta querido. um beijo